Percorro as palavras escarpadas de ausência.
Pontiagudas, cravam-me o peito árido, de vontades
amordaçadas.
Faço o meu leito numa cama cheia de vazio, onde me sinto um
indigente.
Beijo-te e Abraço-te no imaginário.
Sabes, ainda compro a fragância do teu perfume que inunda o
quarto, dando corpo as minhas fantasias.
Guardo a chave do cofre que o tempo nos roubou, encerrando
todos os momentos realizados, outros adiados, mas sempre repletos de
cumplicidade, e tão nossos.
Percorro o meu leito, tateando o passado, penso em ti, em
nós!
Depois desfaleço por sobre os lençóis do desencanto.
O feixe de luz moribundo do candeeiro, desmaiava nas paredes
esbranquiçadas de langor.
Corri a cortina, procurando vida para lá dos vitrais.
Contemplei o jardim, o velho mas frondoso plátano, eixava-se
embalar pela aragem cálida, que lhe acariciava o corpo.
Não te vislumbrei!
Foi então que o sino da saudade, tocou a rebate dentro do
meu despojado peito.
As lágrimas, precipitavam-se no parapeito da minha janela de
sacada, palco e fronteira de esperanças abortadas.
Nego-me passar a limpo o rascunhado por nós, guardando na sebenta
da nossa mais recôndita memória.
DIOGO_MAR