domingo, 10 de julho de 2016

ERUPÇÃO DE SAUDADE



Percorro as palavras escarpadas de ausência.

Pontiagudas, cravam-me o peito árido, de vontades amordaçadas.

Faço o meu leito numa cama cheia de vazio, onde me sinto um indigente.

Beijo-te e Abraço-te no imaginário.

Sabes, ainda compro a fragância do teu perfume que inunda o quarto, dando corpo as minhas fantasias.

Guardo a chave do cofre que o tempo nos roubou, encerrando todos os momentos realizados, outros adiados, mas sempre repletos de cumplicidade, e tão nossos.

Percorro o meu leito, tateando o passado, penso em ti, em nós!

Depois desfaleço por sobre os lençóis do desencanto.

O feixe de luz moribundo do candeeiro, desmaiava nas paredes esbranquiçadas de langor.

Corri a cortina, procurando vida para lá dos vitrais.

Contemplei o jardim, o velho mas frondoso plátano, eixava-se embalar pela aragem cálida, que lhe acariciava o corpo.

Não te vislumbrei!

Foi então que o sino da saudade, tocou a rebate dentro do meu despojado peito.

As lágrimas, precipitavam-se no parapeito da minha janela de sacada, palco e fronteira de esperanças abortadas.

Nego-me passar a limpo o rascunhado por nós, guardando na sebenta da nossa mais recôndita memória.

 

 

DIOGO_MAR