domingo, 3 de setembro de 2017

ENCRUZILHADA


 
Folheio dias morrentes de histórias inacabadas a latejar num peito vilipendiado pela amargura.

São episódios onde destila saudade, para a qual olho de soslaio pelas ameias deste legado martírio.

Peito esventrado, por estrofes épicas oxidadas de um lírico trovador desencantado.

Raios de pesadelo este, vejo arder as páginas deste meu diário de bordo, sobrando a fuligem, para sarrabiscar com mão trémula a mortiça e cruel palavra passado.

Rendo-me aos Penosos caminhos, que serpenteiam a fonte estéril do meu ser.

Agora, saboreio o ópio corrosivo do desprezo, engajado com a injustiça.

Ferido por essa indocilidade pestilenta, vejo o quanto fui imbecil, ao acreditar numa doutrina onde cabia um código de honra.

Questionado pelo tempo, assalta-me uma inquietude que ouso desafiar, no gume de uma lâmina chamada indiferença cega e raivosa.

Escuso-me a desembrulhar mais capítulos que segregam a minha alma, esconjuro esses momentos exorcizados pela travessia da sacralização ou do endemoninhamento.

Do alto da minha humilde bonomia, outorgo a singeleza da minha mais pura e devota essência.

Aqui me tens...

 

DIOGO_MAR