quinta-feira, 2 de maio de 2019

DESPOJOS


 
Aqui estou, no leito da saudade, mutilado pela dor da ausência.

O meu sangue, submerge a minha alma de langor, no pranto da noite castradora e infinita, vestida de um breu cruel e gélido.

A minha voz mortiça, sussurra a submissão de uma vida madrasta.

Escrevo com a mão implacável do tempo, nas páginas sombrias e agastadas do desencanto.

Crepitam sonhos órfãos de amargura, esboroados numa alquimia reduzida a cinzas.

Resta-me um amor expropriado, que jaz num adiamento perpétuo.

Sou decepado, na minha mais pura essência, jogado as mãos do carrasco de mim próprio.

O meu corpo é varrido pelos ventos agrestes que ceifam a minha identidade, Torturada pelo ascetismo impiedoso.

Que cortina é essa, que me ofusca a luz da vida, sepultando-me na caverna da incerteza, de nunca me possuir.

 

 

DIOGO_MAR