É numa enseada a transbordar de calmaria, cúmplice dos meus encantos e desencantos, que solto amarras ao olhar faminto por um elasse a uma esperança fugidia.
Sou um barco a deriva encalhado na bruma cega de ausência.
Na orla das minhas palavras dispersas, estio um grito de
silêncio angustiado, deixando-me embalar nos braços de um vento cálido e
mestiço, que afaga o meu corpo, emprenhado num mar de vontades adiadas.
Não me falem do infinito, ou do além, já não cabe no meu
peito mais lonjura.
Tenho pressa do beijo desta maresia que morde os meus lábios
ardentes de vazio.
Adamastor, paladino de mil amores náufragos, que perderam o
norte.
Eu aqui fundeado nos braços deste mar chão, salgado pelas lágrimas
paridas de uns olhos flamejantes, por realizações suspensas em ondas de
indefinições.
Não quero nada que detenha e asfixie o meu ego!
Quero a imponência da imensidão, da liberdade, do tangível e
a utopia do inatingível.
Quero os meus sonhos, enfunados nas velas da felicidade, velejando
nos braços de um mar confidente de mil memórias.
DIOGO_MAR