É na cálida noite, inundada por ventos mestiços, com o
perfume a áfrica, que dou por mim, na encruzilhada de uma selva obscura,
emparcelada na terra estéril do nada.
Sustento todos que de mim se servem, sobrando eu, transformado
em restolho.
Ó chão entapetado pelas cinzas que rastejam sem norte.
Calcorreio, este penoso caminho, dos dias lúgubres vestidos
de falsas ilusões, relegando-me, para um labirinto existencial.
Estou perdido.
Sufoco dentro do meu peito trucidado, o ser que não sou.
Digo sim ao não.
Digo não ao sim.
Resta-me ficar, confinado a uma ínfima partícula, da
minha essência, nas estrias melancólicas da memória.
Adultero os atos e as palavras, imponho um garrote à
vontade, hipoteco o presente, algemo o futuro.
No desfiar dos dias e anos, tudo mais longe e impessoal se
torna.
Procuro-me nesta selva moribunda, onde não me encontro, transportado
nas asas de uma monção, de Desejos e ambições.
Retrocedo no tempo ao encontro de momentos longínquos onde
matei a cede de mim.
Metade loucura, metade racional, mas era eu!
O quanto anseio, por cobro a esta guerra fria, corrosiva e desesperante,
num adiamento sem prazo.
Livro escrito pelo avesso, de enganos e mentiras, capítulo
inacabado, história segredada de mim e para mim, rascunho sincopado, no esboço
que só eu sei decifrar.
Sobra uma substância envenenada de crueldade, em erupção
asfixiante e reprobatória, ostentando uma carapaça de valores, normas e regras padronizadas
e acusatórias, onde a tradição bolorenta é a máscara dos imbecis.
Quem Ousa chamar-me de louco?
Despe a covardia, e logo encontrarás, um ser acorrentado as imposições,
das doutrinas aglutinadoras.
Onde mora a felicidade?
Exausto, sinto-me uma amálgama a flanquear a saudade
moribunda e órfã a perder-se, pelas ameias do desencanto.
DIOGO_MAR
A maneira como início o texto é absolutamente incrível. Adorei tudo o resto!
ResponderEliminarr: É sempre bem-vindo :)
ResponderEliminarAs palavras e as fotografias são ótimas para eternizarmos momentos e depois voltarmos a eles quando quisermos. Obrigada!
Beijinho*
Este texto é pura poesia!
ResponderEliminarOnde está a felicidade?...A pergunta que todos fazemos, e tantas vezes não encontramos resposta.
E que bela música de fundo!
Tudo bom! Boa semana, Diogo.
xx
Tu escreves muito bem!!! Parabéns!
ResponderEliminarBoa tarde, Texto maravilhoso, a felicidade é relativa, o que é para um, pode não não ser para o outro, nunca sabemos se vivemos a felicidade total ou parcial.
ResponderEliminarMais uma vez, um excelente texto, Diogo!
ResponderEliminarDe vez em quando, há que fazer mesmo estes balanços, entre o passado e o presente, para se reflectir, até que ponto, a vida colocou um garrote, e sufocou as ambições, projectos, sonhos e vontades...
Há que perspectivar tudo... analisar o que se ganhou, ou perdeu durante o processo... para que não se algeme o futuro... como o Diogo tão bem diz...
Fantástico este texto!
Adorei este grito de revolta! De basta!... Realmente não podemos sentir sede de nós mesmos...
Ainda estarei a dever alguns comentários por aqui, e no seu novo blogue... Conto vir amanhã ver o que ainda estou perdendo...
Bjs. Continuação de bons trabalhos, Diogo...
Ana
Todos temos direito a "gritos", Diogo e eu senti-os...
ResponderEliminarParabéns pelo texto. Gostei imenso.
E, sabes, os amanhãs são sempre diferentes...
Bjo :)