Olá, estou-te a escrever estas linhas, que se perdem na imensidão, de histórias que fomos cúmplices.
Lembras-te das nossas brincadeiras inocentes, com um fim
sempre imprevisível?
Era o desbravar de um caminho, carregado de interrogações, que
nos havia de levar à encruzilhada da vida.
Os teus cabelos de vento, olhos de mar, sorriso de sol,
faziam o rascunho mais que perfeito, da sebenta, que ainda hoje transporto no peito.
O fascínio dos segredos que balbuciamos ao ouvido indiscreto
do mundo.
Lembras-te?
Sim, eu sei que já faz tempo, mas são as tuas impressões
digitais que permanecem bem vivas.
Se eu pudesse subtrair alguns anos!
Mas o que de mais significativo acontece na nossa vida, só
tem encanto uma vez.
O tempo é tão escaço, sobra-nos as memórias!
Sabes, ainda guardo os bilhetes que trocávamos, numa
escrita de riscos e sarrabiscos, que facilmente descodificávamos.
Tu gostavas que eu desenhásse com o meu olhar, as palavras,
como se de um filme mudo se tratasse.
Tudo é tão fácil quando absorvemos o ADN da amizade.
Os verdes anos de uma aguarela, pintada com as cores da
simplicidade e inocência, fazia desta etapa o patamar onde gostávamos que os
dias se multiplicassem, e as palavras se fundissem, num vocabulário ainda
escaço, e envolto numa timidez, de mostrar os sentimentos muito baralhados, e indefinidos,
mas belos.
Começavam os preparativos, para o banquete de desafios para
os quais não fomos convidados.
De forma implacável, lançaram-nos para a mesa do mundo.
Sobre ela, uma longa toalha de injustiça, bordada pelas mãos
da hipocrisia, presidida pelo tempo.
Personagem de semblante carregado, o seu rosto encortiçado estava
vincado pelas rugas da história, cabelos brancos de sabedoria, olhar distante, mãos
a transbordar de mundo.
As cadeiras eram feitas de ambição, ostentando a vontade exacerbada
de vitória.
O faqueiro, afiado, cintilava de covardia e falsidade.
As travessas de ingratidão, contrastavam com os pratos de egoísmo.
As taças de cristal resplandecente da ganância, deixavam-nos
na boca um trago amargo de revolta.
Limpávamos a boca ao guardanapo da mentira.
Foi então que se fez ouvir a voz cáustica e firme do tempo.
Todos que estão há minha mesa serão escravos e prisioneiros
dos vossos atos.
A mim só me cabe o papel de observador atento do vosso
percurso.
Sou o vosso juiz.
Todos nascem libres, depois cada um escolhe as algemas que o
irão aprisionar a vida.
Não esqueçam, o perdão e o arrependimento, são o bálsamo que
serve de analgésico, para me curar as feridas.
Sirvo-vos a esta mesa o que de pior a vida tem.
Mas sabem porque o faço?
Porque é perante as adversidades das forças negativas é que adquirem
as defesas que vos vão tornar imunes, aos sentimentos e as atitudes ignóbeis.
A chave para um percurso de vida íntegra, reside no caracter
e na personalidade que cada um cultiva!
DIOGO_MAR
Uma carta, uma história de amor que toca as nossas emoções, mas muito bem escrito com frases lindas, poéticas..... Parabéns amigo pela forma como escreve!....
ResponderEliminarMuito obrigado, por se juntar a leitura desta carta!
EliminarBelíssima reflexão epistolar!
ResponderEliminarComo vem sendo hábito, Diogo, está muito bom...
Abração ;)
Obrigado Daniel, pelo teu olhar sempre muito atento.
EliminarABRAÇAÇO
São cartas como esta que nos ajudam a reflectir sobre as atitudes a tomar com vista a tornarmo-nos pessoas íntegras, honestas e cumpridoras dos valores que devem orientar as nossas vidas.
ResponderEliminarMuito boa reflexão. Parabéns.
Beijinhos
Obrigado Mariazita.
EliminarFico feliz pela sua vinda, à minha humilde casa!
JINHOS