Rasgava os dias, como de folhas de papel se tratassem.
A tinta da esferográfica do tempo, eram as gotas da chuva
que se misturavam com as minhas lágrimas.
Os momentos eram efémeros, perdiam-se no vazio das horas,
salobras frias e impessoais.
Sufocava no meu peito deserto e árido a vontade de ser eu.
Os dias, haviam dado lugar a longas e infindáveis noites de
desalento.
Acabrunhado, escondia-me por de trás da cortina de uma
alegria mentirosa.
Enganava-me, vendendo uma imagem de aparência destorcida, da
minha essência carcomida pela dor lânguida e incandescente da opressão que me
violentava.
O meu pensamento velejava à boleia de faluas de sonhos abortados.
Pintava o sol nas paredes do meu coração, emprestando-lhe a
luminosidade de que era faminto.
Havia perdido a noção do direito do avesso ou o avesso do
direito.
Desdobrava a estrada da vida raivosa, perdida em curvas e
contra curvas, desembocando num desfiladeiro de contradições.
Decepado por interrogações, suspiro pelo meu eu.
DIOGO_MAR
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