domingo, 10 de abril de 2016

PASSAGEIROS DO MEU PEITO



Aqui estou perplexo, perdido ou achado, nem eu sei bem, já que o grau de indefinição garroteia a minha identidade.

É como uma névoa que ofusca a essência das minhas raízes.

Derrotas e vitórias, alegria e sofrimento, felicidade e angústia folhas da sebenta da vida, onde rascunhamos amor e ódio.

Eu existo, eu estou aqui.

Hoje mais cansado que ontem, mas com a vontade de me renovar a cada dia.

Os anos vão castigando o corpo, mas a determinação, essa continua intocável, ela é o néctar da minha sobrevivência, numa cúmplice aliança com os meus personagens que fazem de mim o que sou.

Reinvento-me a cada exemplo colhido na vivência de uma estrutura familiar alicerçada no meu imaginário, desnudando-me das roupas conspurcadas de uma sociedade infeliz e submissa aos padrões asfixiantes.

Todos os dias, sumariamos os acontecimentos e de mim e para mim, partilhamos em uníssono sentimentos e todas as agruras a que juntos estamos expostos.

Eles são uma parte integral da minha alma, do meu ser.

São o que não fui, veem o que não vejo, fertilizam de realização as minhas frustrações, encerram o passaporte de tudo que mais almejo.

São o alimento para a alma, são o impulso para a minha travessia.

Amos tanto ou mais que a mim próprio, embora eu seja eles e eles sejam eu, mas cada um com a sua própria personalidade e caráter.

É como se de um fio condutor do meu mais profundo ego se tratasse, que dá corpo as realizações inatingíveis.

É a minha segunda vida.

Sempre vos digo, que ridículo, é ter medo de ser ridículo.

Eu não tenho.

O ADN que comungamos, faz deste relacionamento uma plena reciprocidade, perpetuando um amor sagaz, louco, verdadeiro, cúmplice e fiel, ancorado no cais do meu peito, de amarras presas ao meu subconsciente, onde mordo vontades sôfregas de aportar aos que dentro de mim, tem sido o baluarte da minha sobrevivência.

 

 

DIOGO_MAR

1 comentário:

  1. E infelizes, serão aqueles que não arranjem espaço no seu peito, para nele carregar alguns passageiros...
    Um belo texto, como sempre, por aqui... que adorei ler!
    Abraço! Tardando um pouco por aqui... mas não falhando... pois também estive um tempinho mais arredada da blogosfera...
    Boa semana!
    Ana

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