domingo, 22 de junho de 2014

ALBUFEIRA DA MINHA ALMA









Recordo, aquela inesquecível noite cálida, em pleno mês de agosto,
Vivendo e consumindo até as mais profundas entranhas da minha alma, o fervor escaldante e contagiante daquelas noites de Albufeira Velha. Depois de um belo e reconfortante jantar, na companhia, de alguém que por certo ade deixar incontornavelmente, a sua marca na minha vida. Ó quanta saudade! Caminhamos até as barraquinhas de artesanato, representativo de várias culturas que por ali se cruzam. Entre pechisbeque, e peças requintadas, Lá fomos calcorreando as ruelas, deixando que a noite, fosse tomando conta de nós, sem que déssemos por isso. A sua cadência era profundamente gratificante. Estávamos em férias. E férias, são férias, na companhia de alguém que amava. Eu só pedia para o tempo correr o mais devagar possível. Gostava de poder parar o relógio! Ser dono da máquina do tempo! No decorrer do jantar foi notório que algo pairava. As palavras entrecortadas por momentos de silêncio, cheios de mensagens que nós bem descodificávamos. Ríamos e trocávamos olhares, com uma cumplicidade muito forte, sedenta de um beijo que tardava. Continuamos a nossa peregrinação pela feira, vendo os mais variados artigos que nas bancas e expositores havia. Sentia que a nossa cede de amor era cada vez mais intensa e mais sequiosa. Estava escrito nos nossos olhares, No caminhar envoltos naquele abraço. Era a química do amor. Bom, eu que até era renitente quanto a essa frase feita, de química do amor e ao tão falado clique. Eu estava a senti-lo. Queria dar forma, e perder-me pelos frondosos caminhos dessa emoção. Sim, não restavam duvidas era o amor! Sob aquele céu salpicado de estrelas, e tantas luzes psicadélicas, dos bares que enchiam a pequena Albufeira velha, já nada fazia o nosso amor ser discreto. De repente, os meus ouvidos foram assaltados por uma sonoridade que bem conhecia. Os acordes da minha banda preferida, os Pink Floyd. Eu estava rendido a minha paixão, e a minha banda de sempre. Sentámo-nos na esplanada do bar, que nos ia oferecendo o som daquele rock no qual nos revíamos, era uma noite perfeita. Sentíamos que Aquela brisa suave e cálida com um marcante cheiro a maresia, nos havia de precipitar nos braços um do outro. Afinal estava ali a meia dúzia de paços a praia dos pescadores, palco e senário, de tantas histórias de amor. E porque não ser também do nosso? Íamos bebendo o copo, e entre os golos trauteava-mos as músicas. Aquilo não era mais que um breve compasso de espera, para finalmente libertar tudo que no fundo estávamos a sentir, e os nossos corpos a implorar. O apelo ao amor. Entrelaçamos os dedos das nossas mãos húmidas de ansiedade. Eis que surge o primeiro de muitos beijos profundos e carregados de tão nobre sentimento. A sua boca era como uma fonte onde eu estava a saciar a minha sede sôfrega. Deixamos que a emoção nos devorasse. Já nem nos preocupava os olhares, que por ventura recaíssem sobre nós. O mundo era nosso! Eu já só ouvia a música muito ao longe, naquele momento eram os acordes do amor que imperavam. Segredei-lhe a palavra que me assaltou, e que melhor definia aquele momento. Amo-te! A resposta foi imediata.

 
Eu também te amo muito!


E acrescentou, com uma voz firme, mas doce.


 
Vamos caminhar?


 
Não me fiz rogado na resposta.
Sim claro que sim!


 
Ansiedade era recíproca, estávamos sedentos do momento de desnudar os nossos corpos.
Fomos caminhando, ou flutuando, pela praça cheia de gente, com tantas histórias iguais a nossa, que por certo se haviam de cumprir, ao longo da magia das noites de Albufeira velha.
Ficaram para traz os sons, as luzes e o paralelo e bípede que definem a traça daquela vila, e ruelas com tanta história.
Nós também íamos fazer a nossa!
Entramos no pequeno túnel, de acesso ao senário que escolhemos, para o momento tão nosso, tão puro e verdadeiro.
Ali estava a praia dos Pescadores.
Fomos deixando as nossas pegadas marcadas na areia, e para traz o rebuliço de uma vila, cheia de múltiplos sons luz e cor.
Tínhamos na plateia o mar, as estrelas e a indiscreta lua.
Mas não eram presença que nos incomodasse, já que guardam segredo de tudo que veem.
Por certo ficariam felizes por apadrinhar tal momento.
Ficamos imóveis durante alguns instantes, perante o mar, calmo e doce.
Até ele parecia, ter-se associado aquele enlace.
Eu que sempre fui, e sou um apaixonado pelo mar, tinha ali o senário mais que prefeito.
Agora a melodia que ecoava nos nossos ouvidos, era a voz do mar.
O embalo da sua música, veio trazer-nos o som mais fascinante para completar o quadro que estávamos a viver.
Envolvemo-nos num forte e fervoroso abraço, carimbado por um beijo tão imenso como aquele espelho de água.
Deixamo-nos desfalecer naquela areia fina e aveludada.
Ela ia ser o leito do nosso amor.
As mãos passeavam-se pelos nossos corpos.
Num ápice, a pouca roupa deixou de ser barreira a vontade que tínhamos de colar a nossa pele.
Mergulhamos na força cósmica do amor.
Eu tinha passaporte para penetrar o seu corpo, que me implorava esse momento.
Eis que o ato se consumou.
Agora já só se ouvia a nossa respiração sôfrega, por mais! E ainda mais!
A lua beijava os nossos rostos.
A doce e leve brisa, afagava os nossos corpos, como se os estivesse a abençoar.
O mar cantava um hino ao nosso amor.
Ali não há vencedor, nem vencido.
O dicionário, tem poucas palavras e adjetivos, para retratar o que estávamos a sentir, e a viver.
Os nossos braços, prensavam os nossos corpos, como se tivéssemos medo que alguém nos raptasse, pondo cobro aquele momento que não queria-mos que tivesse fim.
Estávamos a escrever uma página, que por certo ficará gravada no livro das nossas vidas.
O clímax chegou, e com ele os sorrisos espontâneos que retratavam a plena felicidade daquele momento.
Ríamos como se de duas crianças se tratassem a quem se presenteia com o maior e melhor chocolate do mundo.
Deixamos na areia, o molde dos nossos corpos, e do nosso amor.
Certos que rubricamos, mais uma das muitas histórias que ficam escritas, no livro do tempo de Albufeira, e da praia dos pescadores.
Ó noite mágica!
Ó sul onde perco o meu norte!
Mas onde sou mais eu.
Ó Albufeira de tantas estravagâncias, de tantos amores, e desamores.
Mas que também és minha!!!


DIOGO MAR


3 comentários:

  1. Lindas palavras, gostei do texto

    Tenha um Domingo de paz .
    Beijinho

    http://coisasdeumavida172.blogspot.pt/

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  2. Albufeira :):)

    Cidade de encantos e pedaço de mau caminho.

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