Fraga encarquilhada pelo tempo, que se perde na história
Fraga gélida imponente e com memória.
A erosão a que o vento te castiga
Fazem um enlace ao traçado da minha vida.
Essa tua imponência, rugas e frieza
Dão contornos únicos a tua beleza.
Deitado no teu colo, oiço as histórias que tens para mim
Fecho os olhos, viajo no tempo
Folheio o livro do sem fim!
Acariciava as tuas rugas, e as gretas expostas ao tempo
No meu ouvido ecoava a tua voz, chorava de tristeza dor e de
sofrimento.
Fraga gigante confidente do universo
Brotas palavras tão belas que não cabem neste verso.
As feridas rasgadas pelo vento agreste, desventrando o teu
corpo
Numa luta titânica contra o tempo, trespassaram-te deixando
morto.
Fraga altiva e serena, guardiã de histórias que se perdem no
tempo
Sussurras-me ao ouvido a melodia do sentimento.
Gosto de te contemplar, lá no alto da serra, como se fosses
o adamastor
A herança que em ti encerras, é o testemunho do meu amor.
Amor que simbolizas, nesse corpo rude, escarpado e sofrido
És a bela de uma história onde fico adormecido.
Fraga da minha aldeia, marco geodésico altar para o mundo
Carregas aos ombros, séculos de lendas e mitos onde me perco
feito vagabundo!
Património de Deus ou do homem, um testamento inacabado
Doaste-me um pedaço de ti, que ainda hoje guardo.
A tua voz, num murmúrio trémulo de saudade
Agastada pelos longos anos sem idade.
Viste o meu primeiro beijo, aquele que roubei
Fraga amiga, não contes a ninguém, eu também não contarei!
Um beijo de inocência da minha tenra infância
Dos verdes anos da minha adolescência.
Ainda hoje lá moras, adormecida dentro da tua altivez
Fraga da minha história
Acorda!
Diz comigo
Era uma vez?
DIOGO_MAR
São assim os lugares alados que nos povoam os sonhos...
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