quinta-feira, 7 de agosto de 2014

FRAGA ALTAR DA MINHA ALDEIA



Fraga encarquilhada pelo tempo, que se perde na história

Fraga gélida imponente e com memória.

 

A erosão a que o vento te castiga

Fazem um enlace ao traçado da minha vida.

 

Essa tua imponência, rugas e frieza

Dão contornos únicos a tua beleza.

 

Deitado no teu colo, oiço as histórias que tens para mim

Fecho os olhos, viajo no tempo

Folheio o livro do sem fim!

 

Acariciava as tuas rugas, e as gretas expostas ao tempo

No meu ouvido ecoava a tua voz, chorava de tristeza dor e de sofrimento.

 

Fraga gigante confidente do universo

Brotas palavras tão belas que não cabem neste verso.

 

As feridas rasgadas pelo vento agreste, desventrando o teu corpo

Numa luta titânica contra o tempo, trespassaram-te deixando morto.

 

Fraga altiva e serena, guardiã de histórias que se perdem no tempo

Sussurras-me ao ouvido a melodia do sentimento.

 

Gosto de te contemplar, lá no alto da serra, como se fosses o adamastor

A herança que em ti encerras, é o testemunho do meu amor.

 

 Amor que simbolizas, nesse corpo rude, escarpado e sofrido

És a bela de uma história onde fico adormecido.

 

Fraga da minha aldeia, marco geodésico altar para o mundo

Carregas aos ombros, séculos de lendas e mitos onde me perco feito vagabundo!

 

Património de Deus ou do homem, um testamento inacabado

Doaste-me um pedaço de ti, que ainda hoje guardo.

 

A tua voz, num murmúrio trémulo de saudade

Agastada pelos longos anos sem idade.

 

Viste o meu primeiro beijo, aquele que roubei

Fraga amiga, não contes a ninguém, eu também não contarei!

 

Um beijo de inocência da minha tenra infância

Dos verdes anos da minha adolescência.

 

Ainda hoje lá moras, adormecida dentro da tua altivez

Fraga da minha história

Acorda!

Diz comigo

Era uma vez?

 

 

DIOGO_MAR

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