quinta-feira, 4 de setembro de 2014

FINGIMENTO



O engano faz-se verdade, nas linhas sinuosas e ziguezagueantes que escrevo.

O meu peito escarpado no desejo de um grito lancinante de emancipação, na noite onde estendo o lençol do tempo, escarnando os sentimentos num orgasmo imaculado.

As minhas palavras são pedras rudes e frias, que dilaceram um coração moribundo, em busca do puro-sangue da verdade.

Os meus ombros vergam-se, ao peso do mundo leviano e acusatório.

A razão esvai-se, nas asas do vento fugidio.

Eu aqui fico, ancorado neste porto longínquo, em busca do norte.

Arrebato ao coração sepulcrais vontades assassinadas ao desejo.

Venero os gigantes do tempo, à luz do divino e do pagão.

A cicatriz sangra, tatuando a franja dos dias.

A mesma mão que masturba, é a mesma que escreve e atira a pedra.

Não, não me chames de poeta.

Sou um qualquer, a saber de mim, no fundo de uma caverna, de costas voltadas para a verdade da razão, em palavras retorcidas, confinadas a uma ânsia asfixiante.

Espelho mentiroso.

Arco-íris de uma só cor.

Rio esmagado pelas margens.

O garrote do tempo, anuncia a chegada do carrasco, com mãos de libertação.

Das trevas se faz luz!

Será isto, a resignação, racional?

Ou a covardia irracional?

 

DIOGO_MAR

3 comentários:

  1. Bom dia Diogo_mar

    Parabéns pelo texto, é maravilhoso

    Bom fim de semana.,
    Beijo

    http://coisasdeumavida172.blogspot.pt/

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  2. Depois de ler, apetece-me dizer como quando começas: o mar também é teu...

    um abraço grande

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  3. Cobardia seria isto não ter sido dito.
    xx

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