segunda-feira, 25 de maio de 2015

ZONA DE VIRAGEM



No principio é simples, navego sozinho,
Bebo a razão num copo de vinho,
Digo que o meu passado está moribundo,
Dei a volta a ti, dei a volta ao mundo,
Suga em mim a voz rouca destroçada:
Onde tudo é nada, onde o medo é estrada.

 

Peço descanso por mais curto que seja,
Apago as dúvidas num mar de cerveja,
Onde de uma escolha fiz um desafio,
Navego sem mar, sem barco ou navio,
Suga em mim a voz rouca destroçada:
O futuro recente de uma vida passada.

 

Brindo aos amores com amigos em casa,
Na enchente da vida vi a maré vaza,
Entrei de rastos e saí firme e refeito,
Lutei por tudo e por nada que levei a peito,
Suga em mim a voz rouca destroçada:
Onde sei que sei tudo mais sobre nada.

 

Entretanto o tempo fez do silêncio barulho,
Tive vontade de mudar, mas mudou-me o orgulho,
Bebi de um copo vazio, um 
shot de coragem,
Da fenolftaleína numa zona de viragem,
Suga em mim a voz rouca destroçada:
De um corpo frágil de uma alma arrasada.



RODRIGO PAREDES

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