Aqui estou perplexo, perdido ou achado, nem eu sei bem, já
que o grau de indefinição garroteia a minha identidade.
É como uma névoa que ofusca a essência das minhas raízes.
Derrotas e vitórias, alegria e sofrimento, felicidade e angústia
folhas da sebenta da vida, onde rascunhamos amor e ódio.
Eu existo, eu estou aqui.
Hoje mais cansado que ontem, mas com a vontade de me renovar
a cada dia.
Os anos vão castigando o corpo, mas a determinação, essa continua
intocável, ela é o néctar da minha sobrevivência, numa cúmplice aliança com os
meus personagens que fazem de mim o que sou.
Reinvento-me a cada exemplo colhido na vivência de uma estrutura
familiar alicerçada no meu imaginário, desnudando-me das roupas conspurcadas de
uma sociedade infeliz e submissa aos padrões asfixiantes.
Todos os dias, sumariamos os acontecimentos e de mim e para
mim, partilhamos em uníssono sentimentos e todas as agruras a que juntos estamos
expostos.
Eles são uma parte integral da minha alma, do meu ser.
São o que não fui, veem o que não vejo, fertilizam de
realização as minhas frustrações, encerram o passaporte de tudo que mais
almejo.
São o alimento para a alma, são o impulso para a minha travessia.
Amos tanto ou mais que a mim próprio, embora eu seja eles e
eles sejam eu, mas cada um com a sua própria personalidade e caráter.
É como se de um fio condutor do meu mais profundo ego se
tratasse, que dá corpo as realizações inatingíveis.
É a minha segunda vida.
Sempre vos digo, que ridículo, é ter medo de ser ridículo.
Eu não tenho.
O ADN que comungamos, faz deste relacionamento uma plena reciprocidade,
perpetuando um amor sagaz, louco, verdadeiro, cúmplice e fiel, ancorado no cais
do meu peito, de amarras presas ao meu subconsciente, onde mordo vontades sôfregas
de aportar aos que dentro de mim, tem sido o baluarte da minha sobrevivência.
DIOGO_MAR