sábado, 27 de maio de 2017

CALEM O MEGAFONE


 
Os sindicatos mais uma vez elevam-se ao pedestal de guardiões dos trabalhadores.

Reivindicam e argumentam, tudo em nome dos trabalhadores.

Querem e voltam a querer, mais e ainda mais, sempre mais!

Pertencem a uma extirpe insaciável e demagoga que fundamenta o seu repetitivo e monocórdico discurso sempre com a mesma entoação de voz, profetizando a desgraça.

O diálogo com os governos é sempre feito na base da ameaça da greve, é um direito que lhes assiste, mas que de preferência, seja feita a sexta ou segunda-feira, o que se torna oportunista, vergonhoso e ridículo.

Só sabem apregoar os direitos dos trabalhadores!

E os deveres que os mesmos também devem ter?

O respeito pelo trabalho e por quem lhes paga ao fim do mês?

Raios de retórica e ideologia ferida de imparcialidade e de querencia.

Basta os indicadores económicos estarem a dar sinais de alguma melhoria, para que estes senhores, não hesitem em vir para a praça pública revindicar, que é necessário pagar mais e melhorar consideravelmente os direitos dos trabalhadores.

Este tipo de discurso já me enoja!

Deviam também dizer que alguns trabalhadores deviam pagar para trabalharem, tal é a falta de profissionalismo, desleixe e incúria.

Cristalizaram no tempo, à sombra da antiguidade que era um posto.

São um peso morto na empresa.

Depois justificam tudo isto, alegando desmotivação dos trabalhadores, mas a sua tese cai por terra já que antes da adoção de algumas medidas penalizadoras o filme era mais do mesmo.

Ou seja:

Trabalhar muito ou pouco, bem ou mal, não é relevante o importante é ganhar mais e mais e sempre mais.

E ter mais direitos claro está!

Tenham vergonha e coloquem de lado a fome de protagonismo saloio e mentalidade retrógrada.

Os grandes desafios e exigências da nova matriz empresarial, em todas as áreas, irá pôr à prova os que realmente são melhores, os que se transcendem e sacrificam, tudo em prol da sua carreira e do seu profissionalismo ao mais alto nível.

Os que não entrarem neste comboio, ir-se-ão quedar irremediavelmente pela mediocridade.

É justo que assim seja!

Quanto aos sindicatos, assumam um papel de reivindicação construtiva e ajustada à realidade do País.

Não usem os trabalhadores como marionetas de jogos políticos.

O que de facto é necessário reivindicar, é uma profunda mudança de mentalidade, isso sim!

 

DIOGO_MAR

quinta-feira, 25 de maio de 2017

CAPÍTULO


 
Ardem em lume brando, palavras órfãs de alento

Varridas por ventos agrestes que ceifam meu tormento.

 

Paragens longínquas estéreis de esperança

Gemido do restolho ecoa a melodia desafinada da descrença.

 

Dias alinhavados na morrente da história

Monção vadia e demolidora fragmenta a memória.

 

Sem norte nem identidade

Passageiros do tempo, que coabitam na travessia da minha idade.

 

Erupção de raiva espelha o meu sofrimento

Jovialidade servida numa bandeja de passado, onde já só mora o desdém do tempo.

 

Definham vontades fugidias no gume da indiferença

Dilacerado arrasto-me na torrente da minha existência.

 

Assaltado por uma ira inusitada

Resigno-me a uma mão cheia de nada!

 

DIOGO_MAR

sexta-feira, 19 de maio de 2017

CHEGOU O SALVADOR!


 
AMAR PELOS DOIS

 

Eis o Salvador Sobral!

Foram precisos largos anos de espera para que finalmente a humildade mais a simplicidade conjugada com uma belíssima letra da sua Irmã Luísa Sobral, incorporada por uma fantástica voz, para que esta travessia no deserto chegasse ao fim.

 

Não foi necessário penteado ridículo!

Não foi preciso atoar semivestido, ou seminu, para ser votado pelas linhas corporais!

Não foi necessária uma letra de conteúdo vazio e execrável!

Não foi preciso um ritmo repetitivo e plástico, música descartável!

Não foi necessário vergar-se aos interesses instalados das editoras!

Por tudo isto, vai todo o meu apreço e agradecimento:

 

Muito obrigado Salvador e Luísa Sobral!

Vocês são enormes e projetaram o nome de Portugal pela primeira vez à galeria dos vencedores do Festival da eurovisão!

 

DIOGO_MAR

quarta-feira, 17 de maio de 2017

UMA QUESTÃO DE ATITUDE



A geração dos meus pais não foi uma geração à rasca.
Foi sim uma geração com capacidade para se desenrascar.


Numa terriola do Douro as condições de vida não eram as melhores.
Mas o meu pai António não ficou de braços cruzados à espera do Estado ou de quem quer que fosse para se desenrascar.


Veio para o Porto, aos 14 anos, onde um seu irmão, um pouco mais velho, o Artur, já se encontrava.
Mais tarde veio o João, o irmão mais novo.


Apenas sabendo tratar da terra e do pastoreio, perdidos na grande e desconhecida cidade do Porto, lançaram-se à vida e aos grandes desafios que tinham pela frente, longe dos seus Pais e restante família.
Porque recusaram ser uma geração à rasca fizeram uma coisa muito simples.

Foram trabalhar.

Não havia condições para fazerem o que sabiam e gostavam.
Não ficaram à espera.


Foram ferreiros, taberneiros, carvoeiros, trabalharam na construção civil.

moldaram o ferro, fizeram milhares de bolas de carvão ergueram prédios e serviram milhares de copos de vinho ao balcão.

Foram simples empregados de tasca.
Mas pouparam.
E quando surgiu a oportunidade estabeleceram-se como comerciantes no ramo.


Cada um à sua maneira foram-se desenrascando.

Porque sempre assumiram as suas vidas pelas suas próprias mãos.

Porque sempre acreditaram neles próprios.
E nós, eu e os meus primos, nunca passámos por necessidades básicas.


Nós, eu e os meus primos, sempre tivemos a possibilidade de acesso ao ensino e à formação como ferramentas para o futuro.
Uns aproveitaram melhor, outros nem tanto, mas todos tiveram as condições que necessitaram.
E é este o exemplo de vida que, ainda hoje, me norteia e me conduz.


Salvaguardadas as diferenças dos tempos mantenho este espírito de garra.

Não preciso das ajudas do Estado.
Porque o meu pai e tios também não precisaram e desenrascaram-se.


Não preciso das ajudas da família que também têm as suas próprias vidas.

Não preciso das ajudas dos vizinhos e amigos.
Porque o meu pai e tios também não precisaram e desenrascaram-se.


Preciso do meu elevado e exigente grau de profissionalismo.

Preciso de mim.
Só de mim. E por isso, não sou, nunca fui, de qualquer geração à rasca.
Porque me desenrasco.


Porque sempre me desenrasquei.

O mal desta autointitulada geração à rasca, é a incapacidade que revelam:

Habituados, mal-habituados, a terem tudo de mão beijada.

Habituados, mal-habituados, a não precisarem de lutar por nada, porque tudo lhes foi sendo oferecido.

Habituados, mal-habituados, a pensarem que lhes bastaria um canudo de um qualquer curso dito superior, para terem garantida a eterna e fácil prosperidade.

Sentem-se desiludidos!
E a culpa desta desilusão, é dos "papás", que os convenceram que a vida é um mar de rosas, ao tratá-los como se fossem flores de estufa, de forma principesca.


Mas não é!

É altura de aprenderem a serem humildes.

É altura de crescerem mentalmente e olharem para as adversidades de forma audaciosa e irem à luta.

É altura de se tornarem responsáveis e fazerem opções.

Podem ser "encanudados" de qualquer curso, mas não encontram emprego "digno".

Podem ser "encanudados" de qualquer curso, mas não conseguem ganhar o dinheiro que possa sustentar, de imediato, a vida que os acostumaram a pensar ser facilmente conseguida.

Experimentem dar tempo ao tempo, e, entretanto, deitem a mão a qualquer coisa.

Mexam-se, façam-se à vida!

Trabalhem!

Sacrifiquem-se!

Ganhem dinheiro.
Na loja do Shopping.
Porque não? aaahhh porque é doutor...
Doutor em loja de Shopping não dá status social.
Pois não, temos pena. Mas dá algum dinheiro.
E logo chegará o tempo em que irão encontrar o tal e ambicionado emprego "digno".


O tal que dá status.

O meu pai e tios trabalharam na construção civil, fizeram bolas de carvão, venderam copos de vinho e trabalharam o ferro.

Eu, que sou Jornalista, locutor, relações públicas, em alturas de aperto, fui vendedor, dei explicações, fui DJ etc.
E garanto-vos que sou hoje muito melhor e mais reconhecido socialmente, que se tivesse tido a papinha toda feita, como esta geração que em vez de prioritariamente se preocuparem em moldar o corpo deviam-se empenhar a trabalhar sim o cérebro.
Geração à rasca?

Vão trabalhar que isso passa.

Cresçam, façam-se a vida, tenham objetivos.

Deixem de ser plásticos e artificiais.

Abdiquem dessa fome voraz pelo materialismo.

Tenham valores, personalidade e carater.

Sabem o que isso é?

Pois, infelizmente não!

À rasca, mesmo à rasca, também já tenho estado.
Mas vou a casa de banho e passa-me!!!


 DIOGO_MAR