sábado, 25 de março de 2017

MEU NORTE


 
Finto sentimentos que fecundo num peito sedento de identidade

Vida rascunhada pela idade.

 

Rebeldia amordaçada pelo vazio do saudosismo

Pobre prisioneiro de mim jogado no abismo.

 

Asfixio sem encontrar o antídoto que me transporte as minhas raízes

Desfio os anos não encontro a semente das minhas matrizes.

 

Audácia esmagada pelas recordações

Aqui me encontro inerte na sarjeta implacável de emoções.

 

Viela da saudade onde se perdem os meus passos

Encontro desencontrado de momentos amargos.

 

Desgastado pela corrosão déspota da ânsia

Força moribunda sem tenacidade nem esperança.

 

Procura incessante nas gavetas da memória

Marco geodésico janela para a minha história.

 

Torrente de vivências lapidadas num quadro inacabado

Olhar melancólico que desagua na foz do passado.

 

Turbos são os dias desta imagem pardacenta

Peito ceifado pela dor da ausência.

 

DIOGO_MAR

domingo, 5 de março de 2017

PREÇO DE SER CRIANÇA


 
Mordo palavras pérfidas sem destino,

Esperança madrasta no olhar do menino.

 

Imploras o direito a seres criança que te foi roubado,

Sucumbes à economia cega e voraz que te elegeu escravo.

 

Palavras de cosmética podres de hipocrisia,

Aniquilaram a magia de seres criança, mutilaram a tua alegria.

 

Servem-te numa bandeja de crimes hediondos,

Flagelam-te numa carnificina de dias imundos.

 

Horizonte perene onde não cabe o teu brincar,

Olhar mortiço que desconhece o verbo amar.

 

Obrigaram-te a seres ator no teatro de guerra, atribuíram-te papel de escudo na frente de combate,

Atitude insana transformaram-te em carne para abate.

 

Discípulos do xadrez político onde não cabe a razão,

Falsos profetas vangloriam-se impunemente ao inçar a bandeira lúgubre manchada de sangue no pendão.

 

Órfão de sonhos para uma vida, guardião de todas as fantasias,

Jogaram-te na trincheira, arma em riste, dedo no gatilho onde agonias.

 

Mensageiros responsáveis, apregoam serem teu paladino,

Forçaram-te a uma vida de indigência, diluindo-te no lixo do caminho.

 

Agora resta a humilhação de pouco ou nada fazer,

Perdem-se em discursos inócuos, ignoram o teu sofrer.

 

És vilipendiado chacinaram a tua alegria,

Enclausuraram-te na eternidade de uma noite que não se lhe conhece o dia.

 

Tu só pedes ao mundo que te deixe ser menino,

No embalo da estrofe de tão mórbido hino

 

DIOGO_MAR