segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

ADEUS PÁGINAS DO PASSADO


 
Flutuam pensamentos vadios, em folhas soltas, que se perdem no livro da vida.
Transportam mensagens expostas a erosão de um traçado sinuoso.
Vagueiam pelos ares, presas ao cordel do tempo.
Deitado por sobre esta fraga, ébria de lágrimas derramadas, deito a perder de vista, o bailado, que fazem para mim.
Testemunhos de uma vivência, entre laivos de alegria, salpicada de saudade.
Sinto o corpo dormente, apossa-se de mim um sentimento de perda.
Afago as rugas daquela fraga rude, torturada pelo vento, que agora leva nas suas azas, páginas onde residem memórias famintas de esquecimento.
O passado já lá vai.
Não quero mais saber de ti.
Voa para bem longe de mim.
O meu olhar embalava as nuvens, no berço de um céu matizado por um sol tímido.
Os pássaros reuniam numa orquestra, afinada pelas notas de um fim de tarde embebido, na ávida vontade de dizer adeus.
No meu peito galopava o sentimento de ausência.
Quero separar-me deste cordão umbilical, que asfixia o o presente.
Eu já não sou eu!
Quero ser uma semente faminta, por germinar, num caminho fértil e promissor.
O meu coração é tomado de assalto pelas interrogações que suscitam todas as dúvidas da incógnita onde assenta o futuro.
Num autêntico turbilhão, os pensamentos ecoavam dentro de mim.
A doce melancolia do corpúsculo daquela tarde, parecia contagiar-me de um febril estado de ânsia.
Rebusco na minha essência, a determinação que me há-de conduzir, a vitória de tempos vindouros.
Bebo os dias diluídos num cálice de esperança, e abnegação, aos quais ergo um brinde.
Agora já não avisto as folhas do passado, e a noite já me abraça.
Certamente será o início de um capítulo, de uma sebenta em branco, onde irei rascunhar, uma nova vida!

 

 DIOGO_MAR

6 comentários:

  1. Há sempre a necessidade de, de vez em quando, se rasgarem as folhas que, por terem sido tão intensamente escritas, nos deixam se espaço de querermos voltar ser de novo.

    Gostei!

    Beijinho

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    1. São folhas da travessia da vida!
      Lá vão elas!!!
      Obrigado, Jinho.

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  2. Nada como o recomeço...
    Novas páginas, novas marés da vida.

    beijo

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  3. O recomeçar é algo que eu gosto,pois acredito que é uma oportunidade de refazer coisas boas e esquecer de vez as coisas que não deram certo.Então vamos lá!
    =)

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    1. Olá Kátia:
      Como partilho da ideia, que nada é de carater definitivo na nossa vida, daí a atenção redobrada que tenho ao proferir as palavras NUNCA E SEMPRE.
      Pode haver necessidade de um recomeço.
      Há muita gente prisioneira dela própria, que morre de vergonha de partir o cordão umbilical, libertando-se.
      Em algumas circunstâncias, o recomeço pode ser liberdade!

      Jinho

      É bom verte por aqui!

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