quinta-feira, 10 de julho de 2014

A MINHA SOPA DE LETRAS



Confesso, que ao contrário de muitas crianças, eu sempre gostei de sopa.
Os meus Pais, sempre me incutiram a importância que ela representa para a nossa alimentação.
Daí, nunca ter mostrado qualquer relutância.
Desde a sopa confecionada pela minha Avó, até a da minha Mãe, adquiri esse bom hábito alimentar.
Passada, ou por passar, eu é que nunca passava sem uma boa sopa.
Mas havia, uma que particularmente me chamava a atenção.
A sopa de letras.
Isto porque tentava retê-las no fundo do prato, para no fim ver que palavras conseguia obter.
Aquele momento envolto numa perfeita incógnita aguçava-me a curiosidade, e porque não dizer o apetite.
Qual seria o desfeche?
Sugeria à minha Mãe, que me servisse a sopa no fim, para que dessa forma não ficassem à espera do acasalamento das letras, para construir as palavras que elas me proporcionassem.
Na minha família já todos conheciam a paixão que eu nutria pela sopa de letras.
Ela foi rebatizada, com o cognome, sopa do Diogo!
Os meus Pais dizem que a primeira palavra que construí, foi o meu nome.
Por várias vezes tentei escrever o nome dos meus Pais, mas com trinta diabos, faltava-me sempre a letra R!
Porque haviam eles de ter em comum o R no nome!
Será que que no empacotamento não introduziam de forma igualitária todas as letras?
Eu já não tinha idade para dizer, Pedo e Cataina!
Imaginem como ficaria a lengalenga, do ato que oeu a olha da gaafa do ei da ússia!
Ainda hoje riu, ao comer sopa de letras.
Traz-me a memória esses tempos idos, de uma imaginação entregue as sortes de um prato de sopa.
Recordo um episódio, que fez o meu Pai soltar uma sonora gargalhada.
Eu naquele dia tinha conseguido escrever, o benfica e campiao!
Claro está que lhe faltavam os acentos.
Ele que era Portista, em tom provocatório apressou-se a juntar as letras, e responder-me.
Isso e so de vez enquando!
Claro está que eu rapidamente comi uma boa colher de letras para o não deixar escrever mais.
Diogo, grande batoteiro!
Muitas vezes o meu Pai, ficava a ajudar-me a catar as letras, para simplificar o desafio a minha paciência.
Enquanto isso, a minha Mãe, arrumava a cozinha, e gracejava dizendo:
Olha que dois!
Ela já conhecia a grande paixão que eu e o meu Pai sempre evidenciamos por jogos de paciência.
Não era por acaso que tinha o meu quarto quase todo forrado de puzzles, onde eu investia uma boa parte do meu tempo libre.
Olhando agora para traz, até que encontro um paralelismo entre a sopa de letras  e o puzzle
Ambos aguçavam a arte e engenho, para algo que temos de procurar de forma incessante na sopa da vida, onde nos vão sempre faltar letras!



DIOGO_MAR

5 comentários:

  1. Boa noite Diogo_Mar

    Não imaginas a satisfação e curiosidade com que li o teu texto,que por sinal está divinamente fantastico!!
    É que durante o tempo que o estive a ler, recuei no tempo uns bons aninhos, onde também nos foi incutido que a sopa era a tranca da barriga. Curioso, que a minha mãe fazia a canja com letras, derivado talvez a nós, que tentávamos completar palavras.. era lindo!

    Vou gostar de ler o que tens para nos oferecer a ler.
    Adorei esta bela recordação

    Beijo de boa noite.

    http://coisasdeumavida172.blogspot.pt/

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  2. Estas memória ao início são sempre deliciosas... :)

    Um abraço

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  3. Este lindo texto que gostei de ler, fez-me lembrar um pouco a minha história, porque também eu brincava com as letrinhas,Hoje sempre que faço canja é com letras porque os meus pequenotes (netos) também gostam das letras e assim a história vai-se repetindo graciosamente. Beijinho

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  4. Uma história muito divertida. Eu nunca comi sopa de letras em miúda, mas dei-a muitas vezes à minha filha. Talvez por isso (e pela Rua Sésamo) aos 4 anos ela já soubesse ler...:-)
    xx
    Fiz uma pausa, por isso nunca mais tinha aparecido.

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  5. E como faltam letras nessa tal sopa da vida...

    Acho que foi assim que despertou em você o gosto pelas palavras, não é?

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