sexta-feira, 29 de maio de 2015

O AVESSO DOS DIAS



As minhas palavras cheiram a terra queimada pelo desespero.

O que escrevo é levado pela impetuosidade do vento sinistro a polvilhar de cinzas este mundo inóspito, onde já só germina a semente da descrença.

Fica-me a boca encortiçada, pelo trago amargo da exclusão social.

O meu corpo moribundo, arrasta-se feito restolho, entapetando o chão da esperança adiada, sem tempo nem idade.

Aqui estou jogado, na sargeta do ultraje, de uma terra que me pariu, deixando-me entregue as sortes de um futuro asfixiado e órfão.

O presente, foi esquartejado, perfilhando a incógnita, Projetando-me para os braços da puta da vida nua e crua, exibindo o resplandecente da luxúria madrasta.

Entraram em putrefação os sonhos, que não passam de um falso alimento para a alma, num cálice a transbordar de ilusões ébrias.

O néctar dos dias, fermenta o ódio e a intolerância, violando os mais elementares princípios que regem a dignidade humana.

Sobra o gáudio resplandecente e inusitado, do materialismo exacerbado.

Os dias, vestiram-se de breu, aterrorizados pela silhueta da amargura e indefinição.

Por fim, resta a esperança, que não passa de ser um empréstimo contraído a felicidade.

Quando a vamos saldar?

 

DIOGO_MAR

2 comentários:

  1. Olá Diogo!
    O momento de expor o avesso é intenso e angustiante.
    Faltou apenas, você mostrar em letras graúdas!
    Forte abraço e bom fim de semana!

    VitorNani & Hang Gliding Paradise

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  2. Às vezes o avesso dos dias... é que repõe a ordem, do que cá por dentro, se encontra do avesso... para rever prioridades...
    Uma bela exposição dessa travessia no deserto... por que todos passamos, ocasionalmente...
    Abraço!
    Ana

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