sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

CHEIO DE VAZIO


 
Sentado a soleira do tempo, desfio os dias vestidos por uma infindável noite.

Olhos meus mortiços prenhos de lonjura.

Jorram esperanças adiadas, num rio esmagado pelas margens.

O caudal de sonhos por realizar, desagua na foz do desencanto.

Perdido, vejo cristalizar objectivos derramados sobre uma terra estéril.

O futuro morreu as mãos de um presente que vive do passado.

Encho o meu peito com a frase:

Que saudades!

Alimento-me, de recordações, escritas no livro da memória pessoal e intransmissível.

São essas mesmas memórias, que me dão alento para o dia-a-dia.

Realizações por realizar, objectivos por almejar, vontades indeterminadamente adiadas.

Já disse não, quando queria ter dito sim.

Mas também já disse sim, quando queria ter dito não.

Entro em erupção, expelindo raiva pela inépcia, que me acorrenta a vivências longínquas.

O perto faz-se longe, morrendo as mãos da miragem.

Vida, não sejas tu a passar por mim!

Deixa que seja eu a passar por ti!

 

DIOGO_MAR

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