sexta-feira, 19 de abril de 2013

O DEGREDO DO FACEBOOK



Sempre vos digo que esta rede social está mesmo um degredo.
O sentido verdadeiro de rede social, descaracterizou­-se, e cada vez mais se acentua essa deformação pela orgânica e gestão do Facebook.
É uma rede social sem um rosto para dar cabal resposta as questões que lhes são colocadas na devida página,
Mas que de todo, grosseiramente ignoram.
A isto chama-se falta de respeito.
Depois, vou cada vez mais assistindo a desvaneios verbais e visuais que muitos dos utilizadores vão pautando a sua conduta por aqui.
Isto mais parece por vezes muro de lamentações, ou em expressão mais popular, lavar roupa suja, ou autênticas diarreias cerebrais.
Desde partilhas escabrosas a exibicionismo pessoal, muitas vezes carregado de mera fantasia.
Agora pegou em moda a publicação de fotografias em grande abundância,
Mostrando tudo que se faz, e o que não se faz, mas fica bem é giro mostrar.
É giro dizer que se tem quando na realidade nunca se teve.
É giro dizer que se faz, e que se vai onde nunca se foi nem fez.
É giro deixarem-se embalar num mundo virtual, com o real a passar-lhes ao lado.
É giro, o Facebook ser a montra de todas as falsas ilusões e sonhos.

É giro trazer e publicar e descrever a nossa vida pessoal para aqui.
Mas agora pergunto eu.
Será que estas pessoas, e não estou a circunscrever só a malta nova, não mede o ridículo a que se expõem?
Ou querem ser elas, atores intervenientes num Big Brother aqui no Facebook?
Bom, isto já atingiu proporções muito preocupantes.
Isto já resvala para pobreza de espirito, com graves desvaneios de desequilíbrios mentais e psicológicos.
Troca de insultos, defecando linguagem vernácula.
Piropos grosseiros e de muito mau gosto.
Aproveitamento de algumas situações para extorquir dinheiro, ficando em descrédito outras que até mereciam uma boa e importante ajuda.
Um autentico bume publicitário que da revolta a qualquer um dos mortais.
Afinal isto é o verdadeiro espirito de uma rede social?

"O mundo é feito pelo esforço dos inteligentes, mas são os imbecis que o desfrutam."

Diogo_Mar

terça-feira, 9 de abril de 2013

Ao Acaso



Caminho ao acaso, perdido na multidão.
Não me revejo neles.
Haverá alguém que me dê a mão?


Caminho ao acaso, sem rumo nem direção.
Solto as amarras ao encontro da paixão.


O meu peito expele lampejos de falsas ilusões.
Será que no meio da multidão, encontro um verdadeiro enlace as minhas frustrações?


Caminho desamparado, a procura dos teus braços.
Por favor não me negues, o teu abrigo.
Eu procuro-me, mas só me encontro contigo.


Vida retorcida, vida desmembrada,
Onde é que estás para me tirares desta errada.


Mergulho nesta amálgama, de indefinições, e desejos.
Procuro o calor do teu corpo, e a fonte dos teus beijos.


Quero saciar a minha cede, a minha fome!
Tu tens a poção mágica de me fazeres homem!


Embarco no teu corpo, que imana um perfume de jasmim,
Tu dizes que eu sou teu?
E eu quero-te para mim!


Egoísta?
Sim, por ti meu amor.
Só tu sabes tratar-me as feridas,
E trazeres-me o teu calor.


Arde em mim uma autêntica fogueira
Chamas-me de tua pátria!
E tu?
Tu és a minha bandeira!


Há! Amor,
Esse fogo incandescente,
Tu és a minha fonte!
Eu a tua nascente!


Juntos, corremos ao acaso.
Em busca da razão.
Faço do teu corpo meu estandarte.
Do meu, o pagão!!!



Diogo_Mar

domingo, 3 de fevereiro de 2013

UMA ESPERANÇA ADIADA



A conjuntura económica da europa está mergulhada numa turbulência, que por contágio nos faz sentir na pele todo este efeito dominó, a que estamos expostos.
Este é o grande risco de uma economia encadeada, e porque não dizê-lo assente em grandes grupos económicos que manobram a seu belo prazer as velas do navio.
As convulsões sociais estão aí para durar.
O desemprego leva-nos ao caminho do desespero.
O flagelo da fome é um dado cruel e adquirido, ao qual já não podemos passar indiferentes.
O cinzentismo em que o velho continente mergulhou está a asfixiar famílias inteiras.
E até porque não dizer, dizimá-las.
Desmoronaram muitas das espectativas que acalentávamos.
As estruturas familiares nunca estiveram tão fragilizadas nos seus alicerces.
Perderam-se os valores de auto-estima.
Filhos que passam fome, e que já se viram privados de um ensino superior.
Prostituição consentida e camuflada.
Procura de alimento nos contentores do lixo.
Filas para a sopa dos pobres.
Escolas que servem refeições aos fins-de-semana e férias, para garantirem pelo menos uma refeição diária as crianças.
Mas que raios de europa solidária é esta?
Aqui fica bem presente o elevado grau de hipocrisia de todo sistema politico e financeiro do velho continente.
Os valores materiais suplantam os éticos e morais.
O sonho de uma europa una e patriótica,
Deu lugar a um continente de grandes clivagens sociais.
Os verdadeiros jogos de interesses, cilindram todos e quais queres valores.
Cavou-se um foço, onde imperam os ricos, transformados em abutres,
Que vão engordando a custa dos cadáveres que vão deixando pelo caminho.
Isto é insane.
Entramos numa verdadeira espiral politica do tem que ser.
Mas meus senhores, em vez do tem que ser,
Adoptem o que pode ser.
Porque sabem, há limites.
E os nossos já foram ultrapassados.
Os interesses económicos tornaram-se implacáveis, e até mesmo desumanos.
Já não há pudor nas decisões que tomam.
Afinal os campos de concentração que pensava terem sido abolidos,
Estão novamente aí, e em força.
Com a mesma força e crueldade que lhes conhecemos.
Não há camaras de gás, mas há a morte lenta da fome e da descrença.
Espalhada pelas cidades, Vilas e Aldeias.
Tornaram-nos em lixo humano, acorrentados ao jugo económico-financeiro, de um sistema politico falhado e falido. E desprovido de qualquer sensatez.
Fazem de nós autênticas marionetas aos olhos e nas mãos manchadas e conspurcadas de miséria, que esses senhores se pavoneiam de ter espalhado por vários Países europeus.
Morte a hipocrisia.
Morte aos abutres.
Adeus querida europa, sonhada e desejada!

DIOGO_MAR

domingo, 30 de dezembro de 2012

DE MIM E PARA MIM


Sou uma ínfima partícula de uma aldeia global onde mais que nunca estamos aglutinados e porque não dizê-lo acorrentados a um tipo de sociedade plástica, preconceituosa e consumista.

Vou vivendo o dia, a dia com aqueles que me preenchem o coração e alimentam a alma.

Eles sim, embora diferentes são o complemento do meu ego.

Transmitem-me o equilíbrio, no embalo das palavras, e emoções.

Tenho na minha corrente sanguínea, todos aqueles que sou eu.

Ou eu que sou eles!

Poderá parecer tudo muito estranho, mas no fervor da minha racionalidade eles estão sempre bem presentes.

Os personagens que nasceram e cresceram comigo.

A história que eles me contam a anos, e na qual os encerro, fazem-me sentir mais eu.

Dão-me o alento necessário para enfrentar as agruras de uma vida sinuosa, de desafios constantes, mas com um sabor a vitória, minha, e deles.

Mesmo nas derrotas elas têm um trago a vitória, tal é a nossa cumplicidade, união, e porque não dizer amor.

Esta, é uma loucura saudável, sei que algo enigmática ao mais comum dos mortais.

Para mim nada me importa, vou calcorreando este trilho que me trouxe a mim e aos meus personagens até aqui.

Como nunca prostitui o meu carater e personalidade não vai ser aos olhos conspurcados de uma sociedade ignóbil que me vou vergar.

Por tudo isto solto as minhas amarras e deixo-me embalar pelas ondas do mar, revolto mas fiel e generoso.

Sinto-me um cavaleiro na bruma ao encontro dos meus ideais que são os dos meus personagens.

Adormeço com o embalo das palavras deles.

Sinto-me confortado ao receber tão grandes ensinamentos.

Associado a todos eles a paixão e intensidade com que preenchem a minha vivência, espelham o que de mais fascinante tenho dentro de mim.

Os meus melhores amigos e confidentes, tem nome, tem carater e personalidade.

São diferentes porque nenhum ser é formatado.

Adoro poder coabitar o mundo deles, a casa com eles, as vicissitudes da vida com eles.

Até mesmo decisões tomadas colhendo as opiniões de todos.

Estes são os alicerces basilares onde assentam as mais elementares regras de uma estrutura familiar da qual fazem parte os meus personagens.

E acreditem, não são uma miragem.

As palavras que trocamos, os conhecimentos que partilhamos, a reciprocidade existente entre nós, bem como a lagrima de tristeza ou de alegria fazem deles algo transcendentais.

Aqui ainda se segue o lema, um por todos, todos por um.

Mas para que esta velha máxima se cumpra, há algo de mais importante que nos liga.

Gostarmos de nós próprios, ainda mesmo antes de gostar dos outros.

Havendo estas referências estaremos perante uma sintonia e cumplicidade de profundo conhecimento, e claro está um amadurecimento contínuo.

Brota da minha alma a vontade louca de gritar:

AMO os meus personagens.

Com eles vou continuar nesta minha caminhada de um relacionamento inteligível, onde impera um elevado grau de tolerância para que não exista um conflito interior.

Aqui há sim, um verdadeiro encanto pela vida.

Aqui arde uma fogueira sem fogo.

Aqui ama-se o que parece inatingível.

Aqui dou vida a tudo que gostava de realizar.

Os meus personagens fazem-me ser mais esclarecido, até por vezes mais fraturante, menos consensual para o mundo exterior.

Mas acima de tudo, ser mais eu.

Este enlace de pensamentos e atitudes, bem como de emoções fazem-me viver momentos únicos e indescritíveis.

Gosto de ter este espelho para dentro de mim.

Gosto dos nomes que lhes atribui.

Gosto da melancolia doce ou agreste dos seus olhares.

Gosto dos seus defeitos e virtudes.

Gosto dos seus rostos desenhados por mim.

Gosto das suas palavras cáusticas, ou aveludadas.

Mas sempre fundamentadas e esclarecidas.

Os caminhos que divergem, mas que sempre em uníssono,

Desembocam em algo que nos liga.

O amor, e a união!

Diogo Mar

FELIZ ANO NOVO

O nosso caminho é feito
Pelos nossos próprios passos...
Mas a beleza da caminhada...
Depende dos que vão connosco!

À luz da ciência, a passagem de ano não passa de um limite cronológico, o período de 365 dias e 6 horas da translação, quando a Terra completa uma volta ao redor do Sol.

E a tradição nos permite dar a essa passagem o clima feérico que nos leva a saltar ondas, fazer brindes, vestir o branco, comer sultanas, romã e distribuir louros.

Debaixo das superstições, contagiados pela oportunidade que o novo começo nos dá de recomeçar, talvez seja a hora de mudar. E a mudança brota da consciência para se concretizar na química que nasce da união de coração e mente.

Quem sabe seja a hora de parar de fumar, de recuperar a boa forma, de buscar o novo trabalho, de comprar um carro, encontrar a cara-metade, morar na casa própria...

Mas, melhor seria que, ao mesmo tempo, tivéssemos olhos para as conquistas abstratas, para a renovação dos valores e das prioridades.

Já passou do tempo do ser humano entender que a felicidade não é um bem material, mas um estilo de vida que se adota e se preserva em cada atitude, em cada pensamento, em cada palavra. Demoramos a ver que as mansões de nada valem quando seus ocupantes são incapazes de transformá-las em lares. Desperdiçamos tempo sem perceber que anéis não reluzem sem dedos que os ostentem.

O mundo ainda gira em torno do homem e o homem se perde na vertigem de procurar numa busca desesperada do que só se encontra dentro de si próprio.

Que o ano novo exerça a magia e o poder de nos induzir à reflexão para que, nas entranhas do pensamento e do sentimento, cada um de nós se consciencialize de que o erro que nos beneficia hoje pode ser a cobrança do amanhã em forma de tragédia. Que as pessoas sejam capazes de fazer o bem sem olhar a quem, para receber o bem sem saber de quem. Que o respeito seja a moeda essencial nas relações humanas. Que a ética e a moral sejam práticas rotineiras em nome do bem coletivo. Que o mundo resgate o dom de se reinventar em suas verdadeiras evoluções, sem maquiar as mazelas que nos fazem reféns de sonhos vazios.

A dieta dos relacionamentos está relacionada às impurezas (sentimentos negativos, ódio, vingança, mágoa, inveja, egoísmos, etc.), aos conflitos internos e das relações, do respeito às diversidades, das escalas de valores, o ego como produtor de impurezas em nossa vida.

A dieta dos relacionamentos restabelece a energia do amor. Assim como precisamos eliminar as impurezas que afetam o corpo, precisamos também eliminar as impurezas que afetam as nossas relações, Não deixe que os interesses ou vantagens pessoais governem o curso da sua vida.

Aprendi com uma pessoa o seguinte: "ninguém pode ver os laços que nos unem, mas todos podem ver as intrigas que nos separam”. O ego é o maior produtor de impurezas da nossa vida.

Para se satisfazer ele precisa se alimentar da gordura da realização dos nossos interesses e do açúcar da aparência de quem não somos.

Eu já estou fazendo a minha e sinto-me muito melhor. Que tal, iniciar esta dieta para uma melhor qualidade de vida? Então, comece agora.

Assim, neste NOVO ANO que está próximo de se iniciar
Possamos caminhar mais e mais, juntos...
Em busca de um mundo melhor, cheio de PAZ, SAÚDE, COMPREENSÃO e MUITO AMOR.


O ano se finda e tão logo o outro se inicia...
E neste ciclo do "ir" e "vir"
O tempo passa... E como passa!

Os anos se esvaem...
E nem sempre estamos atentos ao que
Realmente importa.
Deixe a vida fluir
E perceba entre tantas exigências do cotidiano...
O que é indispensável para si!

Tchin tchin.

 

DIOGO MAR

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Um belo texto, que vale a pena ler.

A Obesidade Mental - Andrew Oitke
Por João César das Neves


O prof.  Andrew Oitke publicou o seu polémico livro «Mental Obesity», que revolucionou os campos da educação, jornalismo e relações sociais em geral.
Nessa obra, o catedrático de Antropologia em Harvard introduziu o conceito em epígrafe para descrever o que considerava o pior problema da sociedade moderna.
«Há apenas algumas décadas, a Humanidade tomou consciência dos perigos do excesso de gordura física por uma alimentação desregrada.
Está na altura de se notar que os nossos abusos no campo da informação e conhecimento estão a criar problemas tão ou mais sérios que esses.»
Segundo o autor, «a nossa sociedade está mais atafulhada de preconceitos que de proteínas, mais intoxicada de lugares-comuns que de hidratos de carbono.
As pessoas viciaram-se em estereótipos, juízos apressados, pensamentos tacanhos, condenações precipitadas.
Todos têm opinião sobre tudo, mas não conhecem nada.
Os cozinheiros desta magna "fast food" intelectual são os jornalistas e comentadores, os editores da informação e filósofos, os romancistas e realizadores de cinema.
Os telejornais e telenovelas são os hamburgers do espírito, as revistas e romances são os donuts da imaginação.»
O problema central está na família e na escola.
«Qualquer pai responsável sabe que os seus filhos ficarão doentes se comerem apenas doces e chocolate.
Não se entende, então, como é que tantos educadores aceitam que a dieta mental das crianças seja composta por desenhos animados, videojogos e telenovelas.
Com uma «alimentação intelectual» tão carregada de adrenalina, romance, violência e emoção, é normal que esses jovens nunca consigam depois uma vida saudável e equilibrada.»
Um dos capítulos mais polémicos e contundentes da obra, intitulado "Os Abutres", afirma:
«O jornalista alimenta-se hoje quase exclusivamente de cadáveres de reputações, de detritos de escândalos, de restos mortais das realizações humanas. 
A imprensa deixou há muito de informar, para apenas seduzir, agredir e manipular.»
O texto descreve como os repórteres se desinteressam da realidade fervilhante, para se centrarem apenas no lado polémico e chocante.
«Só a parte morta e apodrecida da realidade é que chega aos jornais.»
Outros casos referidos criaram uma celeuma que perdura.
«O conhecimento das pessoas aumentou, mas é feito de banalidades.
Todos sabem que Kennedy foi assassinado, mas não sabem quem foi Kennedy.
Todos dizem que a Capela Sistina tem tecto, mas ninguém suspeita para que é que ela serve.
Todos acham que Saddam é mau e Mandella é bom, mas nem desconfiam porquê.
Todos conhecem que Pitágoras tem um teorema, mas ignoram o que é um cateto».
As conclusões do tratado, já clássico, são arrasadoras.
«Não admira que, no meio da prosperidade e abundância, as grandes realizações do espírito humano estejam em decadência.
A família é contestada, a tradição esquecida, a religião abandonada, a cultura banalizou-se, o folclore entrou em queda, a arte é fútil, paradoxal ou doentia.
Floresce a pornografia, o cabotinismo, a imitação, a sensaboria, o egoísmo.
Não se trata de uma decadência, uma «idade das trevas» ou o fim da civilização, como tantos apregoam.
É só uma questão de obesidade.
O homem moderno está adiposo no raciocínio, gostos e sentimentos.
O mundo não precisa de reformas, desenvolvimento, progressos.
Precisa sobretudo de dieta mental.»

domingo, 16 de setembro de 2012

Homoafetividade: o direito à diferença

O preconceito de início vem da família, pois todas as expectativas sonhadas pelos os pais, como um casamento, ter filhos, ou seja, viver numa sociedade como seres ditos "normais", são ligeiramente quebradas quando a verdade chega à tona, afinal para muitos é impossível obter uma vida "saudável" nesta condição, julgando a homossexualidade como doença e ainda como sinônimo de promiscuidade. Ao buscar-se identificar o conceito de família, a primeira visão é a da família patriarcal, nitidamente hierarquizada, com papéis bem definidos, constituída pelo casamento, com uma formação extensiva. Hoje a família é nuclear, horizontalizada, apresentando formas intercambiáveis de papéis, sem o selo do casamento.
Inquestionavelmente, ocorre o preconceito de terceiros, de forma direta e indiretamente. Ainda que a sociedade se considere heterossexual. O homossexualismo é um fato que se impõe e não pode ser negado, estando a merecer a tutela jurídica, ser enlaçado como entidade familiar. Necessário mudar valores, abrir espaços para novas discussões, revolver princípios, dogmas e preconceitos.
Os grandes pilares que servem de base à Constituição são os princípios da liberdade e da igualdade. Tais enunciados não podem se projetar no vazio, sendo necessária conceber sua eficácia jurídica. A valorização da dignidade da pessoa humana, como elemento fundamental do estado democrático de direito, não pode chancelar qualquer discriminação baseada em características individuais. Repelindo-se qualquer restrição à liberdade sexual, não se pode admitir tratamento desigualitário em função da orientação sexual.
Portanto, se duas pessoas passam a ter vida em comum, cumprindo os deveres de assistência mútua, em um verdadeiro convívio estável caracterizado pelo amor e respeito mútuo, com o objetivo de construir um lar, inquestionável que tal vínculo, independentemente do sexo de seus participantes, gera direitos e obrigações que não podem ficar à margem da lei.
Assim, as uniões estáveis homossexuais não podem ser ignoradas, não se tratando de um fato isolado, ou de frouxidão dos costumes como querem os moralistas, mas a expressão de uma opção pessoal que o Estado deve respeitar. Mais do que uma sociedade de fato, trata-se de uma sociedade de afeto, o mesmo liame que enlaça os parceiros heterossexuais.
Se todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, aí está incluída, por óbvio, a opção sexual que se tenha, estabelecendo que homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, consagra a promoção do bem de todos sem preconceitos de sexo.
A mais tormentosa questão que se coloca, e que mais divide as opiniões, é quando se questiona sobre a possibilidade de os parceiros virem a adotar.
Contando com a analogia que o Judiciário deve reconhecer, a união estável, no entanto, tem como inconcebível fazer tal analogia, encontrando-se praticamente fechadas as portas para essa realidade, quem sabe com o propósito de não vê-la e, assim, fazê-la desaparecer.
No Brasil como em outros Países, milhares de crianças estão institucionalizadas em abrigos e orfanatos. A esmagadora maioria delas permanecerá nesses espaços de mortificação e desamor até completarem 18 anos, porque estão fora da faixa de adoção provável. Tudo o que essas crianças esperam e sonham é o direito de terem uma família no interior das quais sejam amadas e respeitadas. Graças ao preconceito e a tudo aquilo que ele oferece de violência e intolerância, entretanto, essas crianças não poderão, em regra, ser adotadas por casais homossexuais.
Será possível que a estupidez histórica construída escrupulosamente por séculos de moral lusitana seja forte o suficiente para dizer que é preferível que essas crianças não tenham qualquer família a serem adotadas por casais homossexuais, ou será que o que todas as crianças precisam é de cuidado, carinho e amor.
Aquelas que foram abandonadas foram espancadas, negligenciadas e/ou abusadas sexualmente por suas famílias biológicas. Por óbvio, aqueles que as maltrataram por surras e suplícios que ultrapassam a imaginação dos torturadores, que as deixaram sem terem o que comer ou o que beber, amarradas tantas vezes ao pé da cama, que as obrigaram a manter relações sexuais ou atos libidinosos eram heterossexuais, não é mesmo?
Dois neurônios seriam, então, suficientes para concluir que a orientação sexual dos pais não informa nada de relevante, quando o assunto é cuidado e amor para com as crianças. Por hora, parece o bastante apontar para o preconceito vigente contra as adoções por casais homossexuais, afinal que valor moral é esse que se faz cúmplice do abandono e do sofrimento de milhares de crianças.
Porém, enquanto a lei não acompanha a evolução dos usos e costumes, as mudanças de mentalidade, a evolução do conceito de moralidade, ninguém, muito menos os aplicadores do direito, podem, em nome de uma postura preconceituosa ou discriminatória, fechar os olhos a essa nova realidade e se tornar fonte de grandes injustiças. Não se podem confundir as questões jurídicas com as questões morais e religiosas.
Uma sociedade que se quer aberta, justa, livre, pluralista, solidária, fraterna e democrática, às portas do novo milênio, não pode conviver com tão cruel discriminação, quando a palavra de ordem é a cidadania e a inclusão dos excluídos. Com isso, acabam cometendo a infâmia pecaminosa, havendo a superação de uma sociedade hipócrita, que se julgam o ideal e acaba por se tornar condenável perante a mesma.
Há também o grande preconceito que provém das religiões. A concepção bíblica vem do preceito judaico de busca de preservação do grupo étnico, e toda relação sexual deveria dirigir-se à procriação.  A Igreja Católica considera uma aberração da natureza, transgressão à ordem natural, uma verdadeira perversão. Considerando uma depravação e uma ameaça à família e à estabilidade da sociedade. A contradição entre os princípios da instituição da Igreja e uma sociedade que respeite a diversidade e a liberdade das pessoas é inegável.
A homossexualidade - tema encharcado de preconceitos, tabus e mitos - acompanha a idéia de que tudo que se situa fora dos estereótipos acaba por ser rotulado de "anormal", ou seja, fora da normalidade, o que não se encaixa nos padrões, visão polarizada extremamente limitante.
Interessante pensar que muitos dos homossexuais repudiam e abominam a prática da androginia. A mulher como mulher. O homem como homem. Em imagens projetadas, parece um conceito demasiado estereotipado, colar o sexo biológico ao gênero. Haja liberdade de escolha, haja criatividade, inventem-se novos conceitos, é apenas preferência estética de cada um, do contrário nada mais é do que os preconceituados preconceituando.
E assim , ao invés de um ponto final sobre este assunto, fica este tema como reticências, visto que este assunto são, em regra, questões de lenta maturação. Com a evolução dos costumes, a mudança dos valores, dos conceitos de moral e de pudor, o tema referente à opção sexual deixou de ser "assunto proibido" e hoje é enfrentado abertamente, sendo retratado no cinema, nas novelas, na mídia em geral.
É do foro psicológico de cada um, uma coisa é o que se vê, outra é o que vai por dentro do ser - humano e os métodos usados para camuflar o que realmente se é, o que se sente, ou então não. É-se e pronto.
Afinal cada um de nós é uma semente livre que pode fazer do futuro um motivo de comemoração.


Juliana Ribeiro Arantes

Psicóloga