quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

AOS MEUS AMIGOS



Que este Natal, seja despido de hipocrisia, egoísmo e preconceito.

Seja um Natal de igualdade, solidariedade e paz.

Sim, porque o Natal, sou eu, és tu, somos nós!

A todos que comigo escalaram a íngreme montanha do 2015, quero deixar-vos envoltos num abraçaço, imbuído do mais puro e verdadeiro espírito Natalício.

Assim se faz Natal!

Próspero 2016.

 

DIOGO_MAR

domingo, 20 de dezembro de 2015

CORRENTEZA DOS DIAS



Perco-me por aí, em abraços vazios, em palavras despidas.

Um turbilhão de sentimentos áridos de desejo.

Arrasto-me na torrente lamacenta, da luz das trevas.

Desfio os cabelos esbranquiçados do tempo.

Dedilho as gotas da chuva numa melodia efémera e sem brilho, em notas desafinadas pelos desencantos.

As minhas ânsias levitam pelo firmamento, num silêncio vestido de breu.

Vou ponteando as palavras, tentando remendar os escombros em que tudo a minha volta se tornou.

Eu aqui, embriagado por uma sofreguidão de sonhos alados, parto à conquista de uns olhos remoçados, que despontem dentro de mim, a flor da vida.

 

DIOGO_MAR

quinta-feira, 26 de novembro de 2015

ACORRENTADOS



Porque algemamos os nossos sentimentos o nosso ego a nossa essência?

Porque somos tolhidos por medos e preconceitos, que asfixiam a liberdade de sermos nós?

Vivemos enclausurados, na redoma do aparato do faz de conta, famintos pelas nossas raízes.

Alimentamos a máscara da felicidade podre, que fica bem exibir para os outros venerarem.

Só fachada!

Inquinamos as nossas vontades, quereres e ambições, porque morremos de pavor que ao torná-las realidade, íamos certamente defraudar aqueles que nos rodeiam.

Daí, vivermos libres, numa prisão coletiva, revoltados e acorrentados às maiorias aglutinadoras asfixiantes, espelho de uma profunda e torturante e resignada crise de identidade.

Quero ser eu!

 

DIOGO_MAR

sábado, 21 de novembro de 2015

E TUDO O TEMPO LEVOU



Por vezes, dou por mim a rebobinar o filme percorrido até aqui.

São a retrospetiva de episódios que irão ter o seu epílogo.

Uma travessia, dos capítulos de vida, que vou esmiuçando retratando-a, ao fazer esta introspeção.

Nascemos expostos a todos os desafios que a nossa existência nos vai confrontar, como se tratasse do bilhete com o número a sortear pela lotaria da vida.

Se eu, passasse ileso as agruras causticas, será que tinha amadurecido, no trilhar escarpado pela erosão do implacável tempo corrosivo e cruel, que por vezes levanta-nos barreiras intransponíveis?

É um verdadeiro e penoso teste as nossas capacidades!

Lembro-me que até aos meus 16 anos, do espirito de conquista que era fazer as marcas na umbreira da porta do meu quarto, vendo orgulhosamente a minha desenvoltura física.

O relógio nem o calendário representavam nada para uma vida que eu próprio comandava.

Ou pensava eu que comandava!

Um ano que parecia infindável, havia-se tornado tão fugaz.

Os dias, meses, anos vestiram-se de volatilidade implantando em mim, uma escravatura a qual eu, estou irremediavelmente confinado.

Os braços do tempo, são como algemas invisíveis, que nos marca a cadência feroz, de metas que nos propusemos alcançar.

Sob o jugo do relógio e do calendário, tornamo-nos robotizados, por uma vida obcecada pela valorização pessoal.

O mundo cego e louco da competição.

Uma verdadeira lei da selva.

O salve-se quem poder.

Aglutinamos num verdadeiro turbilhão, todas as ambições que estabelecemos de forma sôfrega e doentia.

Já não temos tempo, para o tempo.

O relógio e o calendário tornaram-se uns ditadores implacáveis, com voz altiva onde já não cabe o contraditório.

São os nossos carrascos.

Esvanecem todas as estações da primavera da vida, que ilustrava um guião que tínhamos conjeturado.

Resta-nos o outono da nossa vivência, com as suas folhas caducas a deixar-nos um trago de insatisfação e frustração de vida onde o vento parece varrer para bem longe a simplicidade de algo que se tornou inatingível, entapetando as realizações.

Que sabor amargo!

Em suma:

Uma mão cheia de nada!

Agora sou mais um, estandardizado e manietado, para onde me empurram, sem ter poder de escolha, restando-me um nó no peito de angústia.

Olho para as marcas ainda visíveis na umbreira da porta do meu quarto, e sinto uma vontade inconsolável, de regredir aos tempos em que o tempo não tinha tempo para mim.

Ou que eu tinha todo o tempo para ele!

 

DIOGO_MAR

sábado, 31 de outubro de 2015

ESCRITO À NOITE



Aquela gélida noite de Janeiro, tinha uma cara carrancuda, o céu vestia-se de um breu carregado.

O vento, feria-me os ouvidos, pela forma incessante como uivava, no pequeno postigo junto da lareira.

Por sobre a mesa um jarro com vinho e dois copos, e o cesto do pão.

Eram as marcas que restavam do jantar.

Ao canto, um cadeirão, com a madeira já carcomida, pela erosão dos anos.

Sobre o espaldar, uma manta, que servia de aconchego, à minha permanência, Junto da lareira, onde repousava no escano, palco de inspiração, à leitura de Neruda, brindado com o néctar dos deuses, numa cúmplice aliança feita com Baco.

Ali estava eu, entregue e rendido ao encanto daquele momento, no calor, e na luminosidade do lume, que me aquecia o corpo inerte.

Só à mestria das páginas que devorava, levava-me a viajar, perdendo-me nos recônditos cantos da noite.

O vento, com um cantar sinistro, lançava gritos lancinantes de fúria, encarnando a voz do demo.

Ia tentando exorcizar, a minha irritabilidade, perante aquele quadro em volto num manto negro, que esmagava o meu peito.

Só o tique taque do velho relógio de parede, e o crepitar da lenha numa fogueira já a empalidecer, marcavam a cadência do tempo.

Gostava de viver aquela intimidade enigmática, desafiadora e apaixonante.

De súbito, um piar estridente ecoou, despertando em mim a curiosidade.

Acerquei-me da janela, e após alguns minutos de espera vislumbrei uma coruja que seria mensageira da noite, que fazia voou picado para o seu ninho, na copa de um imponente carvalho secular, na encosta sobranceira à minha casa.

As árvores vergavam-se às ordens do vento, como se de uma vénia se tratasse, ao vergastá-las de maneira severa e impiedosa.

Ao longe, vi uma luz que rasgava a escuridão vinda da janela do casario, no povoado.

Alguém que tal como eu, estaria a fazer serão, ou deixaria a luz acesa, para afugentar as almas penadas, que diziam divagar em senários como aquele.

O facho de luz, desventrava o manto de luto, que aquela gélida e misteriosa noite ocultava.

Fechei as portadas, e tranquei a porta.

O lume já se despedia, emprestando um ambiente sorumbático, à cozinha.

No velho relógio caíam as duas horas.

Fumei um cigarro, bebi o último trago de vinho, e encaminhei-me para o quarto.

Nesse percurso, fui assaltado por um arrepio, ao deparar-me com os olhos do Farruco, que mais pareciam duas lanternas.

Era um belo e enorme gatarrão.

Ali imóvel, Esperava pacientemente, pelo meu recolher aos aposentos.

Era um ritual que ele fazia questão de me oferecer, na sua gratidão felina.

Quando me via pegar num livro, de imediato ocupava um lugar bem perto de mim, para eu lhe ler a história.

Por vezes dava com ele, a colocar uma das patas dianteiras, por sobre a página, parecia crer tatear as letras impressas no papel.

O Farruco, é um bom amigo e confidente.

Já tinha ocupado o seu lugar, na poltrona ao canto do quarto, onde pernoita.

Eu reconfortado no meu leito, moldei o meu corpo, aquela figura angelical com quem dividia a vida, emparcelada no mapa de um amor, dedicado e de corpo inteiro.

Dormia profundamente.

O calor bem como o cheiro da sua pele, era o melhor bálsamo para esquecer aquela noite tenebrosa.

Afaguei-lhe os cabelos, sussurrei-lhe uma boa noite, e selei aquele momento com um demorado beijo, nos seus lábios da mais pura seda oriental.

Mergulhamos no sono dos justos, esperando pelo raiar de uma nova aurora.

Até amanhã amor.

 

 

DIOGO_MAR

terça-feira, 27 de outubro de 2015

LAÇOS E NÓS EDUCACIONAIS



Abomino a falta de educação de alguns filhos, que tratam de forma e atitudes insultuosas arrogantes e grosseiras os Pais.

Infelizmente já testemunhei lamentáveis e execráveis episódios destes e acreditem, não se circunscrevem só a crianças e a adolescentes.

É revoltante, ver a passividade dos Pais, achincalhados e humilhados a deixarem-se reduzir a fonte financeira, para sustentarem os caprichos dos seus rebentos.

Eles impávidos e serenos querem é:

Cama mesa e roupa lavada mais mesada e combustível para o carro ou mota, mais ainda para as orgias de álcool e sabe-se lá para que mais.

Falar de padrões de educação em relação aos filhos, é matéria que dava pano para mangas, já que cada caso é um caso e nunca indissociável da estrutura familiar, alicerce basilar para um futuro promissor.

As traves mestras, transversais e abrangentes, pelas quais nos devemos reger, são vitais para uma boa e correta construção educacional dos nossos filhos, eles que carregam aos ombros o amanhã.

Ou seja:

A mesma boca que diz o sim, deve também saber dizer de forma inequívoca não, mas atenção, muito importante é fazer a criança ou o adolescente perceberem o motivo dessa tomada de atitude.

Responder, não porque não, consegue ser uma resposta mais parva e plena de ambiguidade que o erro cometido.

Incutir-lhes o sentido de responsabilidade, e nunca o facilitismo na obtenção de algo, que almejam.

Não educar na base do suborno, de se fizeres bem, és presenteado.

É importante haver exigência e responsabilização dos seus atos.

A criança e o adolescente, devesse-lhes incutir uma conduta de caracter, cimentando de forma sólida a sua personalidade.

O erro crasso dos Pais, é terem confundido educação com aliciamento dos filhos, embriagando-os de materialismo.

Os filhos não se compram, educam-se.

Entre o casal, nunca na presença do filho, devem divergir em relação à tomada de atitude a ter, no que concerne a decisões que lhe digam respeito.

Ele, nunca se deve aperceber da dualidade de critérios da Mãe em relação ao Pai, ou vice-versa.

Fico-me por aqui, neste texto já longo, mas sobre um tema apetecível, e de inegável importância, que nos diz respeito a todos, já que falamos dos futuros Homens no sentido lato da expressão, do amanhã.


DIOGO_MAR

quarta-feira, 14 de outubro de 2015

TÃO LONGE TÃO PERTO



Voei nas asas do vento, entregue a minha sorte

A luz resplandecente da tua candura, nunca me fez perder o norte.

 

Bati à tua janela, tímido e envergonhado

Flamejava no meu peito a esperança de ser o teu amado.

 

De par em par, franqueaste as portadas para me receber

A fome do meu amor

Era a sede do teu viver.

 

Fundeei no teu corpo, com uma ânsia sem limite

Mata-me o desejo

Por ti morro de apetite!

 

Nas linhas da minha cartilha, sou bonançoso ou agreste,

Virtuoso ou errante

A minha sofreguidão, reclama-te de corpo inteiro num grito latejante.

 

Bordamos os dias, sob os arpejos de uma inigualável melodia

Numa matriz impregnada de cumplicidade e mestria.

 

Beijei a tua boca, com toda a sofreguidão

Quero ser o teu náufrago

Ancorados neste oceano de paixão.

 

DIOGO_MAR