domingo, 30 de novembro de 2014

ESTRADA ANTIGA





Trago-vos mais um excelente post deste jovem promissor e meu amigo, aquém abri uma janela de oportunidade.

Atentem!

 

 

Há quem diga, que quando ouvimos o vento a passar na Estrada Antiga, e com ele aquele marulhar tao longe do mar, que estamos a ouvir o fôlego dos homens e dos cavalos que por la passaram, misturados com o soluçar abafado das crianças que com eles viajavam, para onde iam, ninguém sabia, mas viam a caravana passar uma e outra vez, todos os anos, numa sexta-feira 13.

E todos os anos voltavam pela mesma estrada, homens envergando a cruz do Senhor no peito, transpirando alívio de dever cumprido.

E o vento trazia-lhes memórias de quando eram jovens e tinham percorrido aquela Estrada, que estava mais Antiga, homens que findos os seus deveres para com o mundo, retornavam agora a casa.

Um dia seriam os seus filhos, sempre foi assim e sempre o será.

E a chuva caía e com ela as lágrimas dos homens que voltavam, que foram crianças, que tinham partido...

Se passares pela Estrada Antiga, presta atenção::

Entre o som de gotas de chuva, ouvirás as lágrimas dos homens e das crianças que por ali passaram e, no meio dos trovões, distinguirás o trote dos cavalos que os transportavam.

Mas inspira fundo, e sentirás o ar salgado.

Salgado do choro dos que por lá passaram!

 

Cláudio Macieira

2 comentários:

  1. Não sei se gostava de passar por essa estrada

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  2. Seja por esta ou outra estrada, passaram tantas almas...E quantas sofridas!
    Belo texto! Obg pela partilha.
    Bjo, Diogo :)

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