domingo, 5 de março de 2017

PREÇO DE SER CRIANÇA


 
Mordo palavras pérfidas sem destino,

Esperança madrasta no olhar do menino.

 

Imploras o direito a seres criança que te foi roubado,

Sucumbes à economia cega e voraz que te elegeu escravo.

 

Palavras de cosmética podres de hipocrisia,

Aniquilaram a magia de seres criança, mutilaram a tua alegria.

 

Servem-te numa bandeja de crimes hediondos,

Flagelam-te numa carnificina de dias imundos.

 

Horizonte perene onde não cabe o teu brincar,

Olhar mortiço que desconhece o verbo amar.

 

Obrigaram-te a seres ator no teatro de guerra, atribuíram-te papel de escudo na frente de combate,

Atitude insana transformaram-te em carne para abate.

 

Discípulos do xadrez político onde não cabe a razão,

Falsos profetas vangloriam-se impunemente ao inçar a bandeira lúgubre manchada de sangue no pendão.

 

Órfão de sonhos para uma vida, guardião de todas as fantasias,

Jogaram-te na trincheira, arma em riste, dedo no gatilho onde agonias.

 

Mensageiros responsáveis, apregoam serem teu paladino,

Forçaram-te a uma vida de indigência, diluindo-te no lixo do caminho.

 

Agora resta a humilhação de pouco ou nada fazer,

Perdem-se em discursos inócuos, ignoram o teu sofrer.

 

És vilipendiado chacinaram a tua alegria,

Enclausuraram-te na eternidade de uma noite que não se lhe conhece o dia.

 

Tu só pedes ao mundo que te deixe ser menino,

No embalo da estrofe de tão mórbido hino

 

DIOGO_MAR

1 comentário:

  1. PREÇO DE SER CRIANÇA enquanto leio o poema foi sobresaltado pela música também tão poëtica como o poema
    Abraço

    ResponderEliminar