terça-feira, 25 de julho de 2017

ESCUTA:


 
Se te perguntarem por mim, diz que habito na sombra dos dias.

Diz que sou a vida rascunhada numa sebenta de indefinições.

Diz que sou a imprevisibilidade previsível.

Diz que sou os pontos cardiais onde te perdes.

Diz que sou o copo meio cheio, ou meio vazio.

Diz que sou a água doce e salgada, a foz das tuas lágrimas.

Diz que sou revolto ou bonançoso, mas porto de abrigo.

Diz que sou a brisa, que te beija e afaga teus cabelos.

Diz que sou o abraço invisível que reconforta a alma.

Diz que sou o muito cheio de nada, ou o nada repleto de tudo.

Diz que sou uma loucura viciante e sadia.

Diz que os arpejos do meu silêncio, são a mais bela melodia que inunda teus ouvidos.

Diz que sou guardião das noites de tormenta.

Diz que sou a luz que se veste de breu.

Diz que sou a invisibilidade visível.

Diz que me sentes, sem que eu te toque.

Diz que paira no ar a fragância do meu perfume.

Diz que sou o alento para calcorrear os dias.

Diz que sou o encanto desencantado, a imperfeição mais que perfeita.

Diz que sou o agridoce de todos os anseios famintos.

Diz que sou um sentimento de ódio emoldurado em amor.

Diz que sou o profano que exalta o divino.

Diz que sou todas as incógnitas que habitam as páginas do teu livro.

Diz, diz por dizer, craveja o meu peito dilacerado, dele brotará água para saciar tua sede, o fogo de Santelmo que te iluminará nas trevas.

De forma indelével continuarei a habitar na sombra a escudar-te do mal.

Diz que sou tua Bandeira:

Eu, chamar-te-ei de minha Pátria.

 

 

DIOGO_MAR


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