Se te perguntarem por mim, diz que habito na sombra
dos dias.
Diz que sou a vida rascunhada numa sebenta de
indefinições.
Diz que sou a imprevisibilidade previsível.
Diz que sou os pontos cardiais onde te perdes.
Diz que sou o copo meio cheio, ou meio vazio.
Diz que sou a água doce e salgada, a foz das tuas
lágrimas.
Diz que sou revolto ou bonançoso, mas porto de
abrigo.
Diz que sou a brisa, que te beija e afaga teus
cabelos.
Diz que sou o abraço invisível que reconforta a alma.
Diz que sou o muito cheio de nada, ou o nada repleto
de tudo.
Diz que sou uma loucura viciante e sadia.
Diz que os arpejos do meu silêncio, são a mais bela
melodia que inunda teus ouvidos.
Diz que sou guardião das noites de tormenta.
Diz que sou a luz que se veste de breu.
Diz que sou a invisibilidade visível.
Diz que me sentes, sem que eu te toque.
Diz que paira no ar a fragância do meu perfume.
Diz que sou o alento para calcorrear os dias.
Diz que sou o encanto desencantado, a imperfeição mais
que perfeita.
Diz que sou o agridoce de todos os anseios famintos.
Diz que sou um sentimento de ódio emoldurado em amor.
Diz que sou o profano que exalta o divino.
Diz que sou todas as incógnitas que habitam as páginas
do teu livro.
Diz, diz por dizer, craveja o meu peito dilacerado,
dele brotará água para saciar tua sede, o fogo de Santelmo que te iluminará nas
trevas.
De forma indelével continuarei a habitar na sombra a
escudar-te do mal.
Diz que sou tua Bandeira:
Eu, chamar-te-ei de minha Pátria.
DIOGO_MAR
Fantástico!
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