sexta-feira, 2 de março de 2018

TEMPO PARA O TEMPO


 
Os meus passos, perdem-se na imensidão das palavras, que me transportam até ti.

Onde estás?

Deixo que seja a cadência dos dias a esculpir na pedra bruta do tempo o amor, que cinzelado, lhe empresta, uma geometria de candura inigualável.

É nesta alma forjada na fogueira do amor incandescente, que lavram no meu peito lavaredas demolidoras de ansiedade.

Crepitam lágrimas de uma paixão voraz.

Tenho medo!

O seleiro do amor inusitado que por ti sinto, não se pode esvaziar.

Ó corpo de siara, olhos de amoras, cabelos de urze.

Quero ser o teu sabiá o maestro da orquestra, que inunda os teus ouvidos com serenatas ébrias de mel.

Faço um pacto com o vento, que detenha a cadência do relógio do campanário.

O amor não tem hora, nem pressa.

O amor Sou eu, és tu, somos nós!

 

DIOGO_MAR

sábado, 3 de fevereiro de 2018

CRÓNICA DO DESESPERO


 
É no crepúsculo das palavras, que mascaro a realidade, deste timoneiro solitário, sem norte nem guarida, ao leme de sonhos mumificados nos anais da minha vivência.

Dedilho os dias, de forma sôfrega, expelindo uma ânsia sem limite.

Quero-me!

Sou um barco fundeado, num mar de águas cálidas, de desejos náufragos.

O porto de abrigo é uma miragem inatingível, submergindo os despojos, de uma vida tatuada pelo desespero.

Balbucio vontades moribundas, em acordes da melodia perene, de não saber de mim.

Fico reduzido, aos arpejos do troar das vozes fantasmagóricas dos deuses, no crepitar do fogo-de-santelmo.

Ó vontade cadavérica, petrificada sob um céu tricotado de interrogações, que me esmaga o peito, tornando o num fóssil de saudade, deste corpo que não comando.

Desejo-me!

 

 

DIOGO_MAR

quarta-feira, 10 de janeiro de 2018

A BRISA DA SOLIDÃO


 
Esvaem-se do meu peito, palavras aladas a perderem-se, neste céu de anil vestido.

O horizonte, afaga um mar ludibriante, de raiva e docilidade.

As minhas palavras, são aniquiladas pelas trevas do desespero, emolduradas pelo silêncio a percorrer esta imensidão, retalhada pela cálida e melancólica ânsia, de voar nas asas do vento cioso de desejo.

Agora, sou uma amálgama, fecundada num emaranhado de vontades órfãs, a desdobrar os dias, sem encontrar o norte.

Aqui fico imóvel, contemplando o convés de sonhos náufragos, encalhados na bruma da ilusão, desabrochada numa epopeia vestida de tirania, de mãos implacáveis, que trespassam um peito despojado, brotando um tenebroso silêncio de ausência.

 

DIOGO_MAR

sexta-feira, 8 de dezembro de 2017

ORIGENS


 
Ali estavam as paredes imponentes rudes e toscas, resistentes à erosão dos anos, da casa onde germinaram todos os meus sonhos.

Transpiravam suor acre-doce, das raízes da memória dolente a venerarem o passado.

Amores e desamores, derrotas e vitórias, aos ombros derreados do velho gigante do tempo, de cabelos imaculados de sabedoria.

Eu, sentado à janela de sacada, debruçado no parapeito da melancolia, com olhar rasgado, sobre a imensidão daquele vale a segredar-me, lendas e preces, onde crepitam histórias de vidas a perder de vista, entrecortado pelo bailado das águas cristalinas do rio, ora manso ou feroz, mensageiro de abundância, ou fome, esculpido nos rostos encortiçados, pela labuta e angústia, que é a incógnita da generosidade divina das colheitas.

Folheio os dias desbotados, afagando-os com mãos de mundo, gretadas pela enxurrada da saudade a diluir-se, por entre os dedos finados de ânsia.

Repouso sentado à soleira do tempo, embalando histórias de uma travessia, que se eclipsou em cinzas deste peito, escavado por uma lânguida recordação.

Agora já só restam páginas impercetíveis, no rumorejar da saudade.

 

 

DIOGO_MAR

sexta-feira, 1 de dezembro de 2017

VAZIO


 
É numa febril melancolia de um horizonte corroído pelo pesadelo da ausência, que desfalece este rio esmagado pelas margens, neste peito sofrido e agastado, onde brota um caudal de palavras fosforescentes em candelabros de solidão austera, onde palidamente resta o cintilar dos cristais de um indecifrado livro da memória, alojado no empoeirado arquivo da alma.

Desenho na sombra dos dias a volúpia de um amor idílico, despojado de qualquer sacrilégio, submerso num pranto de lágrimas a derramarem-se na soleira de uma saudade perfumada de amargura demolidora e longínqua.

Ó, amor!!!

 

DIOGO_MAR

quinta-feira, 23 de novembro de 2017

SOU EU...


 
Desenlaço as palavras fosforescentes, num Horizonte de silêncio, na cumplicidade de uma arruela de sonho, que desmorono ou que edifico.

Não me prendo a nada que me defina.

Sou companhia que isaltas, mas posso ser solidão a fervilhar ecos de vozes longínquas, embainhadas de nostalgia.

Serei o que tu quiseres, mas atenção, só quando eu quiser.

Se de mim fazes tua BANDEIRA:

Eu de ti faço minha PÁTRIA!

 

DIOGO_MAR

quinta-feira, 12 de outubro de 2017

NADA MAIS...


 
Jogado na estrada do tempo

Esconjurado pela agrura do meu lamento.

 

Perdi-me, não sei de mim

Despojado do meu caminho

Escabeceio sem ver o fim.

 

Grito de silêncio lancinante

Imploro-te guarida nem que seja por um instante.

 

Becos de breu e abandono, onde só paira a tua silhueta

Consumido por delírios palustres, resigno-me a tal maleita.

 

Rogo a loucura do meu ego

Suspenso pela incógnita de um amor cego.

 

Inquietude de vontades amordaçadas

Desemboca num labirinto de loucuras arrebatadas.

 

Pedes-me o infinito e o além

Cavalgo no vento na terra estéril de ninguém.

 

Agora mergulhado na penumbra e decepado na minha essência

Apagou-se a luz da minha referência.

 

Oiço lá longe o gemido da tua voz

Tento acordar deste sonambulismo, que me esmaga de forma implacável e feroz.

 

Prostrado na Lage crucificadora da solidão

Já só restam despojos órfãos do manuscrito da minha monção.

 

Retalhos de uma vida de engano

Calendário indigente onde não se conhecem dia, mês ou ano.

 

Marca indelével na invisibilidade do crer

Infindável noite sem amanhecer.

 

 

DIOGO_MAR