domingo, 4 de maio de 2014

RETRATO A LA MINUTA




Aqui estou, rendido e agastado, a contemplar a tua beleza, emoldurada num caixilho que é o meu sofrimento.

Ausência tenebrosa, gélida e cruel, faca afiada pela trajetória do tempo.

Sim, és tu!

Ecoa o meu Grito lancinante no silêncio dos dias, que asfixia o meu eu, empoeirado num álbum de recordações e memórias.

Derramo palavras vestidas de desespero, que resvalam pela tua indiferença atroz.

Recorto com o meu mortiço olhar, a geografia do teu corpo tateado pelos meus dedos, agora, numa fotografia, esbatida e gasta pela erosão dos anos.

Salpico de lágrimas angustiadas, a laje deste meu calvário, de solidão.

Inerte, olhas-me, faminta pelos momentos partilhados na mais que perfeita cumplicidade, dos nossos corpos alagados, num oceano de amor.

Lembras-te?

Esta saudade acorrenta as minhas forças, e coloca um garrote as palavras, que já não consigo soletrar.

Vivo, ou sobrevivo?

Sento-me à soleira do tempo, rebuscando no horizonte uma referência impulsionadora, que me transporte ao teu encontro.

Mas tu já não existes, sepultaste a minha felicidade, na terra fria da ausência.

Hoje num aterrador monólogo, exorcizo-me à conquista do inatingível.

Sobra-me uma mão cheia de nada, é o que resta, despojos de recordações outrora doces, agora com o trago amargo do vazio.

Tornaste-te um insustentável encanto desencantado, cravado no meu peito.

À, quantas vezes te disse, que o sonho era o alimento para a alma!

Mas se isso fez sentido ao teu lado, agora eles petrificaram, essa mesma alma que via na tua a sósia total e absoluta.

Se pelo menos me dissesses olá!

Nem que balbuciasses, com a tua voz terna e melodiosa, a palavra amor!

Eu diria sim a vida!!!

 

 


DIOGO_MAR

20 comentários:

  1. Boa tarde
    Sem Dúvida, estou maravilhada com o teu poema, parabéns.


    Beijo

    http://coisasdeumavida172.blogspot.pt/

    ResponderEliminar
  2. Bela definição do amor.Por vezes solidão quase que sepulcral,temperada de saudades. Faz-me lembrar muito de um poeta brasileiro (Alvares de Azevedo) que descrevia sua amada com tamanho apreço que era tidas como virginais.. Faz com que nó mulheres sejamos a musa de inspiração. Belíssimo poema.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Obrigado Andreia, são pinturas escritas onde uso as palavras como pinceis!!!

      JINHO

      Eliminar
    2. E com tamanha perfeição...És um pensador e não esperaria menos de ti.

      Eliminar
    3. Obrigado por tão belas palavras.

      JINHO Andreia!

      Eliminar
  3. Tudo o que escreves é poderoso!
    "Sento-me à soleira do tempo..." que bonito!
    xx

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Olá AMIGA Laura, procuro beber a mais refinada água da fonte da minha inspiração!
      Obrigado pela visita!

      JINHO

      Eliminar
  4. Lindíssimo poema!
    A ausência, a saudade que fica,nos deixa triste.
    É como você descreveu;As vezes um simples olá significa muito...
    Parabéns lindas palavra.
    Bom dia.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Olá Né, Saudade, ausência, cicatrizes que o tempo dificilmente apaga!
      Mas de facto, por vezes chegava um olá!!!

      JINHO

      Eliminar
  5. Oi Diogo
    Lindo poema metafórico de uma beleza extasiante.
    Obrigada pelo carinho
    Beijos no coração
    Lua Singular

    ResponderEliminar
  6. Gostei :)

    Voltarei mais vezes

    Abraço amigo

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Olá, boas Francisco, sejas bem vindo!
      Obrigado!

      ABRAÇAÇO

      Eliminar
  7. gostei da escrita e do teu conceito de "pintura escrita" :) é arte sem dúvida :)

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Olá Sérgio, é bom ver-te por cá.
      Obrigado pelas tuas palavras!

      ABRAÇAÇO

      Eliminar
  8. Sim, é o amor que dá sentido à vida!
    :)

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Sem dúvida, é a grande força motriz, que nos impulsiona, para um namoro pegado com a vida!!!

      ABRAÇAÇO

      Eliminar