terça-feira, 10 de junho de 2014

À MARGEM DE MIM




Deambula na sombra dos dias, a platónica vontade de te possuir.

Mas perco-me na coragem caduca de um amor adiado.

Caiem-me nas mãos pingos de chuva, em forma de lágrimas sofridas.

Deixo-me embalar, nos braços do vento agreste e sinistro, no regaço da amargura.

É à janela sobranceira ao teu coração, que escrevo linhas retorcidas pela dor lancinante, do teu amor fugidio.

Ó bucólica paisagem, entre dunas e canaviais, onde jaz os nossos mais eloquentes momentos de paixão.

Lembras-te?

Há! Saudade, cravada no peito, que envenenas o meu coração, deixando um trago amargo e doce, de momentos idos!

Percorro veredas e atalhos, escarpados na minha memória, onde bordo o rendilhado da ausência.

Sou um alfarrabista, que encerra pedaços de uma história onde fui interveniente.

Agora já só resta uma mão cheia de nada, tudo se resume, a um capítulo esculpido pelo cinzel do tempo, na pedra bruta, enrugada pela erosão dos anos, que te amei.

São despojos cadavéricos, do restolho de mim, petrificado por um sol frio.

O moinho do nosso amor já não canta

Já não transforma o grão do verbo amar, na farinha do prazer.

Sobra terra queimada, na correnteza dos dias, onde jorram cinzas de saudade!

 

 

Diogo_Mar

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