quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

CHEIO DE NADA


 
Percorro as paredes alvas do meu quarto, na ténue esperança de encontrar nem que seja uma pálida impressão digital, dos teus dedos que dedilhavam com mestria o meu corpo.

As histórias que se escondem na dobra dos nossos lençóis, murmuram gemidos de sentimentos, num misto de prazer, agora transformado em sofrimento pela tua ausência.

Abateu-se sobre mim, o peso de uma solidão atroz e esmagadora, que decepou o acalentar de sonhos famintos de realizações adiadas cine-dia.

A trajetória das minhas palavras, naufraga na imensidão deste vazio.

Busco e rebusco nos episódios por nós vividos, desnudados de preconceitos, ébrios de vontades tresloucadas do tudo sem limites.

Os excessos que pactuamos imergiam na cumplicidade dos anseios e devaneios que fertilizavam os nossos momentos.

Por entre cigarros afogados em whiskies, pairava a química do amor, que se fundia numa troca de olhares febris arrebatados pela paixão.

A minha ânsia, Media-te na boca a intensidade, enquanto as minhas mãos indiscretas, percorriam sofregamente o teu corpo.

As roupas entapetavam o chão.

No ar, já só se ouviam os arpejos da nota máxima do amor.

A compasso embalávamos o nosso prazer.

Onde estás?

Agora agastado, revisito e venero as recordações das fotografias, músicas e locais que foram palco de momentos inesquecíveis!

Balbucio num monólogo, murmúrios de lamento, numa espiral de desalento e saudade.

 

 

DIOGO_MAR

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