terça-feira, 12 de novembro de 2013

O AMARGO DOS SENTIMENTOS




Desdobro as palavras, numa ânsia voraz de te encontrar.
A minha vida, tornou-se numa dolorosa imensidão, com as paredes a imanarem o perfume dos nossos momentos longincos, eu sei, mas ainda brotam lampejos de uma saudade demolidora da tua presença.
Rasgo o tempo, em pequenos confetes coloridos para derramar sobre o chão frio da ausência.
Bebo os dias de um só trago, para não degustar o amargo da derrota.
Penteio as flores do meu jardim, onde busco o alento, para procurar sentir-me um vencedor, nem que por um só dia, eu vivesse esse espírito de conquista.
Faço um vou rasante sobre as imponentes árvores que ladeiam a minha casa.
Essas mesmas árvores, que no breu da noite, fazem um estranho e sinistro bailado ao sabor do vento, carregando gigantes adormecidos nos seus braços.
Tenho medo.
Ó cruel saudade!
Assalta-me a memória, os momentos idos de um amor exilado, que o seu encanto se diluiu em desencanto.
Onde estás!
Lembras-te dos momentos de devassa que os nossos corpos testemunhavam, numa louca loucura de enlouquecer?
Tudo se transformou, num atalho escarpado na montanha da solidão.
O meu coração, é retalhado pela incisiva lâmina da faca do tempo.
Jorra o sangue, embriagado pela saudade deste vazio, que me corta a respiração.
As minhas mãos trémulas desafinam as notas do piano adormecido no canto da sala.
A luz da vela empalideceu, como as forças que me vão faltando.
Prostrado na Lage da saudade, suplico ao consílio dos deuses do olimpo, que voltes.
Sou um pássaro que vai escabeceando numa liberdade prisioneira.
As minhas salobras e gretadas palavras salpicam uma atmosfera de ausência.
Vejo à esquina do tempo, mutilado pela melancolia de um regresso adiado.
As janelas da minha casa, são montras indiscretas para um mundo que olho de forma ténue.
Por favor volta!
Abraço as recordações moldadas de incertezas, num horizonte de múltiplas interrogações.
Já só restam, um amontoado de destroços, de um navio outrora de felicidade, despedaçado no cais.
Agora o meu peito, aproado de ilusões, mergulha na penumbra de um marasmo onde me perco.
Quero saber de mim.
Quero acordar, deste pesadelo.
Quero amar, e ser amado.
Vida, porque negas tu tantas vezes o direito ao contraditório?
Não te sentes incómoda na pele de madrasta?
A distância não passa de uma guerra fria, regada por lágrimas, onde não há vencidos nem vencedores!

 
 


Diogo_Mar

4 comentários:

  1. Acredita que tudo vai melhorar, amanhã será um novo dia! Uma nova oportunidade de tu triunfares, de abrires o teu coração e quem sabe, dissipar essa solidão!

    Um abraço :)

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  2. Diogo, é por isto que tenho o maior orgulho em te ter conhecido, amigo: "Vida, porque negas tu tantas vezes o direito ao contraditório?
    Não te sentes incómoda na pele de madrasta?" Conseguiste com estas linhas, a par de tantas outras, dizer muito do que sinto. Obrigada. Muita força grande amigo, excelente escritor.

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    1. Obrigado Joana, pela tua leitura atenta.Jinhos e continua com a tua escrita.

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