domingo, 1 de junho de 2014

CRIANÇA

 
Criança que despontas para a vida,
Entre sol, vento, noite e dia.
Não embaraces a tua caminhada,
Nem olhes para trás na tua via.
 
Caminha sempre em frente, frente olhar firme, passo sereno.
Tu como ser também és gente, e tens direito ao teu terreno.
 
Ao ouvires os ventos agrestes, que sinistros pela noite cantam
Não corras por caminhos tortuosos, nem fixes ilusões que em ti dançam.
 
Sê sempre criança de verdade,
Em tudo que na vida fizeres,
Enfrenta sempre a realidade
Mesmo que de mal na vida tiveres.
 
Não deixes que em ti se apague,
O cristalino brilho do teu olhar.
Nem que maldosamente te tirem,
O bem que em ti despontara!
 
 
Diogo Mar

terça-feira, 27 de maio de 2014

MAR




Navego neste mar sem fim

Feito um barco à deriva, perco-me no infinito, sem saber de mim.

 

Mar de encantos de uma força atroz

Quero falar-te ao ouvido

Por favor, escuta a minha voz!

 

Devoras o tempo com um apetite voraz

Mar gigante, o que te faz ter o coração dividido entre a guerra e a paz?

 

Salgas o meu corpo embalado pelas tuas marés

Desancoras os meus sonhos acorrentados no convés.

 

O meu peito aproado de ilusões

Mar meu confidente diz-me onde guardas tu tantas histórias de Camões!

 

Testemunhos épicos, carregados de lendas e mitos

Lágrimas cristalizadas pelo tempo, de amores e desamores, desfiados nesses escritos.

 

Memórias seculares de alegrias e sofrimentos

Foste a estrada sem passaporte para os nossos descobrimentos.

 

Mar lobo e cordeiro

Solta as amarras, de um amor louco e aventureiro.

 

Repouso o meu olhar a perder de vista nessa tua imensidão

Ó mar imponente, traz a bonança ao meu coração!

 

 

DIOGO_MAR

quinta-feira, 22 de maio de 2014

PALAVRAS DE CORPO INTEIRO




Sou um pássaro livre, embalado pelas mãos agrestes do vento,

Sussurrando, numa voz tênue, e frágil, um doce murmúrio de um lamento.

 

És a aguarela onde percorro, os caminhos frondosos de uma loucura consentida

Encerras nesse teu corpo a dádiva de tudo aquilo que mais quero na minha vida.

 

Sob as minhas azas, encontras o teu abrigo

Cúmplices nos erros e verdades, de uma vida sinuosa, onde me revejo contigo.

 

Coração entalhado neste pedaço de peito

Folheio os dias de um livro, onde tu quanto eu, sou um eterno suspeito.

 

Verbalizo palavras cristalinas e aveludadas, de uma macieza inigualável

Sentimento tão nobre, que por ti transpiram, nesta descrição insaciável.

 

Brotam lampejos de um amor in fervescente

Se tu és seiva!

Não esqueças!

Eu, fui e sou, a tua semente!

 

Amor oculto e desancorado

Amordaço o que sinto, neste nosso enlace com um trago a pecado.

 

Olhos nos olhos numa ânsia sem limite

Mata-me o desejo!

Eu por ti morro de apetite!

 

 

 

DIOGO_MAR

terça-feira, 13 de maio de 2014

REAL? OU IRREAL?




Perco-me na correnteza dos dias, submergidos nas cinzas de uma vida à janela do faz de conta, sufocando a minha dor.

Refugio-me num monólogo, em recriações de um personagem imaginário, com vontade sôfrega de ser verdadeiro.

Tal como um rio, asfixiado pelas suas margens, também eu me sinto prisioneiro de mim próprio.

Um labirinto existencial, moldado aos olhares formatados de uma sociedade implacável, cheia de preconceitos e tradicionalismos bacocos.

Sou órfão de mim mesmo.

Transporto no peito, um vulcão, a expelir uma melancólica, e devastadora frustração desencantada.

Amordaço o meu eu, mato os meus desejos, mascaro a minha essência, só para agradar, a quem facilmente aponta o dedo, mas que nunca serviu de exemplo.

Ó bálsamo enganador!

Coabita em mim, um clima de guerra fria, onde a farsa sai sempre a ganhar.

Mas porque ade ser assim?

Sinto-me covardemente resignado, a uma trajetória que me conduz ao abismo da insatisfação.

Sou uma história inacabada, brinquedo desfeito, vida esquartejada.

Se ao menos, tivesse coragem, de rasgar o guião onde não me revejo.

Mas já nem isso tenho!

Os meus passos perdem-se na ruela de uma cáustica e demolidora saudade prenha de ilusões.

Rastejo moribundo, numa alegoria onde o sol cega o meu ego.

Eu já nem sei de mim, ando a procura, sem jamais me encontrar.

Afinal o que sou?

Uma amálgama?

Um desejo?

Ou um labirinto?

 

 


DIOGO_MAR

domingo, 4 de maio de 2014

RETRATO A LA MINUTA




Aqui estou, rendido e agastado, a contemplar a tua beleza, emoldurada num caixilho que é o meu sofrimento.

Ausência tenebrosa, gélida e cruel, faca afiada pela trajetória do tempo.

Sim, és tu!

Ecoa o meu Grito lancinante no silêncio dos dias, que asfixia o meu eu, empoeirado num álbum de recordações e memórias.

Derramo palavras vestidas de desespero, que resvalam pela tua indiferença atroz.

Recorto com o meu mortiço olhar, a geografia do teu corpo tateado pelos meus dedos, agora, numa fotografia, esbatida e gasta pela erosão dos anos.

Salpico de lágrimas angustiadas, a laje deste meu calvário, de solidão.

Inerte, olhas-me, faminta pelos momentos partilhados na mais que perfeita cumplicidade, dos nossos corpos alagados, num oceano de amor.

Lembras-te?

Esta saudade acorrenta as minhas forças, e coloca um garrote as palavras, que já não consigo soletrar.

Vivo, ou sobrevivo?

Sento-me à soleira do tempo, rebuscando no horizonte uma referência impulsionadora, que me transporte ao teu encontro.

Mas tu já não existes, sepultaste a minha felicidade, na terra fria da ausência.

Hoje num aterrador monólogo, exorcizo-me à conquista do inatingível.

Sobra-me uma mão cheia de nada, é o que resta, despojos de recordações outrora doces, agora com o trago amargo do vazio.

Tornaste-te um insustentável encanto desencantado, cravado no meu peito.

À, quantas vezes te disse, que o sonho era o alimento para a alma!

Mas se isso fez sentido ao teu lado, agora eles petrificaram, essa mesma alma que via na tua a sósia total e absoluta.

Se pelo menos me dissesses olá!

Nem que balbuciasses, com a tua voz terna e melodiosa, a palavra amor!

Eu diria sim a vida!!!

 

 


DIOGO_MAR

sexta-feira, 25 de abril de 2014

PÁTRIA, OLHOS RASOS DE LÁGRIMAS DE SANGUE



A conjuntura económica da europa, arrastou-nos para um abismo, que por contágio nos faz sentir na pele todo este efeito dominó, a que estamos expostos.

É o custo de uma economia encadeada, assente em grandes grupos económicos que manobram a seu belo prazer as velas de um navio, que navega em águas turvas onde os interesses políticos e financeiros, andam de mão dada, numa cúmplice aliança.

As convulsões sociais estão aí para durar.

O desemprego leva-nos ao caminho do desespero.

A autêntica sangria que temos assistido, com a debandada de jovens promissores, levando o futuro do nosso País nas mãos.

O flagelo da fome é um dado cruel e adquirido, ao qual já não podemos passar indiferentes.

O cinzentismo em que o velho continente mergulhou, está a asfixiar famílias inteiras, e porque não dizer, dizimá-las.

Desmoronaram muitas das espectativas que acalentávamos.

Roubaram a nossa autoestima, hipotecaram a esperança do amanhã.

Os sonhos agoniam num horizonte de frustração e desalento.

As estruturas familiares nunca estiveram tão fragilizadas nos seus alicerces.

Filhos que passam fome, e que se veem privados de um ensino superior.

Prostituição consentida e camuflada.

Procura de alimento nos contentores do lixo.

Filas para a sopa dos pobres.

Escolas que servem refeições aos fins de semana e no período de férias, para garantirem pelo menos uma refeição diária as crianças.

Mas que raios de europa solidária é esta?

Aqui está bem vincado, o elevado grau de hipocrisia, de todo sistema politico e financeiro do velho continente, mergulhado na podridão de charcos bolarentos.

Os valores materiais suplantam os éticos e morais.

O sonho de uma europa una e patriótica ruiu, dando lugar a um continente de grandes clivagens sociais, onde a palavra de ordem é, austeridade, mais austeridade vezes austeridade, sempre a custa dos mais desprotegidos.

No meu País, dizimou-se a classe média!

No meu País, prolifera a fome!

No meu País, só alguns têm direito ao ensino superior!

No meu País, só alguns têm direito à saúde!

No meu País, só alguns têm direito a habitação!

No meu País, falta trabalho!

No meu País, a justiça tem dois pesos e duas medidas!

No meu País, há filhos e enteados!

No meu País, mal tratam os velhos!

No meu País, convidam-se os jovens a sair.

No meu País, só alguns têm direito a viver e a sorrir, enquanto outros, vegetam e se afogam num mar de lágrimas rubras de desalento sofrimento e dor.

A mentira e o cinismo institucionalizaram-se

Não teem pejo em tudo fazer para nos manietar e espezinhar

Amordaçam a nossa voz, e o grito de revolta.

Estrangularam a democracia, ignorando os seus princípios.

Deixaram-nos na sarjeta, moribundos de sede e fome de viver.

Os verdadeiros jogos de interesses, cilindram todos e quais queres valores.

Cavou-se um fosso, onde imperam os ricos, transformados em abutres,

Que vão engordando a custa dos cadáveres que vão ficando pelo caminho.

Isto é insane.

Entramos numa verdadeira espiral politica do tem que ser.

Mas meus senhores!

Basta!

Adotem o que pode ser.

Há limites!

Os nossos já foram em muito ultrapassados!

Os interesses económicos tornaram-se implacáveis, e até mesmo desumanos, com a conivência e galdi-o de uma classe política a transpirar promiscuidade por todos os poros.

Já não há pudor nas decisões que tomam.

Afinal os campos de concentração que pensava terem sido abolidos, estão de regresso.

Estão aí com a mesma força e crueldade que lhes conhecemos.

Não há câmaras de gás, mas há a morte lenta, de uma carnificina chamada exclusão social, semeada pelas cidades, Vilas e Aldeias, do meu Portugal, de rosto fechado e triste, num pranto convulsivo de amargura.

Tornaram-nos em lixo humano, acorrentados ao jugo económico-financeiro, de um sistema politico falhado e falido, desprovido de qualquer sensatez.

Fazem de nós autênticas marionetas, aos olhos e nas mãos manchadas e conspurcadas de miséria, que esses senhores orgulhosamente se pavoneiam alarvemente, estiando o seu ego, no pedestal do capitalismo cego e voraz.

Morte a hipocrisia.

Morte aos abutres.

Adeus querida europa, sonhada e desejada!

Transporto no peito, um vulcão a expelir lava incandescente, num grito de raiva por igualdade e liberdade, nesta  Pátria que me pariu, que amo, chamada Portugal!!!

 

 



DIOGO_MAR

segunda-feira, 14 de abril de 2014

GOSTAS DE TI?



Hoje apetece-me rasgar as palavras.

Desnudar, esses preconceitos podres, e bacocos por muito tradicionalistas que sejam.

As tuas palavras, bem como os teus sentimentos e pensamentos cheiram a bolor.

Uma das perguntas que já deste por ti a fazer foi.

Gostas de ti?

Acho que pode estar aqui o cerne de uma questão que leva a descaracterização do indivíduo.

Vivemos embrenhados num tipo de sociedade extremamente egocêntrica.

Moldamo-nos a imagem dos outros, e dessa forma perdemos a nossa própria identidade.

Nunca o aspeto visual teve tanta relevância como hoje.

Mas pergunto eu:

Gostam de nós, pelo que somos?

Ou pelo que ostentamos?

Estas algemas da sociedade moderna, fazem-nos sentir umas verdadeiras marionetas aos olhos dos outros.

O mais grave, é que ao estarmos a adulterar a nossa essência estamos a mexer com o nosso caracter, e personalidade.

Criando dessa forma um elevado risco de revolta e até mesmo de frustração.

Gostas de ti,

Ou gostas que eles gostem de ti?

E se gostares de ti, será que eles vão gostar de ti?

E tu, irás gostar deles?

Um verdadeiro labirinto de atitude e personalidade.

Eu não gosto de mim, mas eles gostam de mim.

Mas eu tenho necessidade de gostar de mim.

Mas eles vão-me aceitar? Vão gostar de mim?

E eu, se gostar de mim, será que também vou gostar deles?

Sinto-me uma verdadeira amálgama, ao serviço de uma sociedade errante.

Mas afinal e eu?

Tenho de ser eles, e porque eles nunca podem ser eu?

Somos avaliados pelas marcas que usamos de roupa, calçado, perfume, telemóvel, carro, e até mesmo pelo local onde vivemos.
As pessoas viciaram-se em estereótipos, juízos apressados, pensamentos tacanhos, condenações precipitadas.
Todos têm opinião sobre tudo, mas não conhecem nada.
Os cozinheiros desta magna "fast food" intelectual são, os veículos viciados de comunicação.
Os telejornais e telenovelas são os hamburgers do espírito, as revistas e romances são os donuts da imaginação.»

Tanta fachada, tanto aparato, tantos falsos profetas com falsos moralismos.

Mas quem São eles para me imporem as suas regras?

Mas quem são eles para me dizerem que a sua postura e conduta é que estão certas?

Mas quem são eles, para virem esmagar o que eu sou.

Chega de tanto etnocentrismo disfarçado de padrões de educação.

Chega de rótulos jacobinos e inócuos.

Tanta hipocrisia!

Apetece-me citar uma das muitas frases de Bob Marley:



"Eles riem de mim, por eu ser diferente:

Eu rio deles por serem todos iguais.»

 


Diogo Mar