domingo, 5 de maio de 2013

ONTEM JÁ ERA TARDE



Fui criado com princípios morais comuns:
Quando eu era pequeno, mães, pais, professores, avós, tios, vizinhos, eram autoridades dignas de respeito e consideração.

Quanto mais próximos ou mais velhos, mais afeto.

Era inimaginável responder de forma mal-educada aos mais velhos, professores ou autoridades.

Confiávamos nos adultos porque todos eram pais, mães ou familiares das crianças da nossa rua, do bairro, ou da cidade.

Tínhamos medo apenas do escuro e dos filmes de terror.

Hoje sinto uma tristeza infinita por tudo aquilo que perdemos. Por tudo o que os meus filhos estão a enfrentar.

Vejo medo no olhar das crianças, dos jovens, dos velhos.

Fico estarrecido ao ver direitos humanos para criminosos, e deveres ilimitados para cidadãos honestos.

Não atropelar tudo e todos significa ser idiota.

Pagar dívidas em dia é ser parvo.

Anistia para corruptos e parasitas.

O que aconteceu connosco?

Professores maltratados nas salas de aula, comerciantes e idosos que deram o ser a este País, ameaçados e mortos por marginais, grades nas nossas janelas e portas.

Que valores são esses?

Automóveis que valem mais que abraços.

Filhas querendo uma cirurgia de estética como presente por passar de ano, para dessa forma se poderem pavonear, imanando de uma forma avulsa o seu cio de fêmea.

Telemóveis nas mochilas das crianças para um uso abusivo.

O que vais querer em troca de um abraço?

A diversão vale mais que um diploma.

Um ecrã gigante vale mais que uma boa conversa.

Mais vale uma maquiagem que um gelado.

Mais vale parecer do que ser.

Tanta fachada!

As amizades coloridas banalizando o sexo, regado por verdadeiras orgias de álcool.

Quando foi que tudo desapareceu ou se tornou ridículo?
Quero arrancar as grades da minha janela para poder tocar as flores!

Quero-me sentar na varanda e dormir com a porta aberta nas noites de verão!

Quero a honestidade e humildade como motivo de orgulho.

Quero o caráter e personalidade, e poder olhar olhos nos olhos do meu semelhante.

Quero a esperança, a alegria, a confiança!

Quero silenciar a voz de quem diz: temos que estar ao nível de, ao falar de uma pessoa.

Abaixo o TER, viva o SER.

Viva o retorno da verdadeira vida, simples como a chuva, limpa como um céu de primavera, leve como a brisa da manhã! E definitivamente bela, como cada amanhecer.

Quero ter de volta o meu mundo simples e comum.

Onde existam amor, solidariedade e fraternidade como referência.

Urge a necessidade de sermos “gente.

Construir um mundo melhor, mais justo, mais humano, onde as pessoas se respeitem mutuamente.

É utópico?

Precisamos de acreditar!

Está na hora de transmitir essa mensagem.

Nossos filhos merecem, e nossos netos certamente nos irão agradecer!

 
Diogo_Mar

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